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Internacional
Mais segura e rica, Argélia se esconde dos turistas
PASSO DE FORMIGUINHA País não consegue fazer turismo deslanchar
DA REUTERS
A maioria dos turistas que
perambula com suas máquinas
fotográficas pelo Mediterrâneo
neste verão do hemisfério norte voltará para casa sem uma
das imagens mais atraentes da
região -Argel, a capital da Argélia, voltada para uma baía.
Apesar de estar mais próspera e segura, a Argélia segue tendo seu malcuidado patrimônio
desconhecido graças à histórica
violência policial, ao desânimo
pós-guerra e à persistente indiferença oficial ao turismo.
Enquanto Tunísia e Marrocos recebem, cada um, 6 milhões de estrangeiros ao ano, a
maior e mais rica Argélia recebe apenas 1,4 milhão de visitantes ao ano, a maioria argelinos
que partem da França para visitar suas famílias.
Argel, a capital, parece uma
Paris transplantada no norte da
África por arquitetos coloniais
que evocaram a metrópole
francesa com uma exuberância
que segue surpreendente.
"É tão bonita essa cidade de
neve sob uma luz deslumbrante", escreveu o escritor francês
Guy de Maupassant em 1881
sobre sua primeira impressão
da massa de prédios brancos
semidestruídos.
Os argelinos dizem que o potencial interrompido da cidade
é emblemático da condição do
país -explodindo de possibilidades, mas amaldiçoado por
uma elite política burocrática
que não sabe aproveitá-las.
Em vez de se preparar para
receber viajantes do mundo, a
maioria dos argelinos quer deixar o país por falta de empregos
e moradias e por causa das tensões políticas. Investimentos
internacionais sumiram depois
que a Al Qaeda bombardeou escritórios governamentais em
abril, matando 33 pessoas e espalhando a volta do medo de
conflitos como os dos anos
1990, entre rebeldes islâmicos
e o Exército.
Mas as bombas não detiveram os poucos milhares de
aventureiros que sempre rumam à porção do Saara que fica
na Argélia ou aos poucos que
vão à antiga cidade turca de
Casbah, em Argel.
O problema é que poucas
pessoas acreditam que Argel e
as pequenas cidades nos arredores serão capazes de gerar
empregos decentes e de forma
rápida a ponto de dar conta das
dezenas de milhares de jovens
que vivem nas cidades e que
passam o dia todo circulando
por elas, sem fazer nada.
Não há dados sobre a saída de
argelinos de seu país, mas o ex-primeiro-ministro Ahmed
Benbitour definiu a nação como "exportadora de cérebros".
Redha Hamiani, líder de fórum que reúne empresários argelinos, afirma que a culpa é do
governo, que não se modernizou e que enterra projetos com
lengalengas burocráticas.
A incapacidade de explorar
os muitos museus de Argel, os
parques e as praias mostram
uma falta de habilidade em lidar com a globalização, acusam
moradores da cidade.
O pessimismo persiste, apesar de inegáveis melhoras. Investidores estrangeiros começaram a chegar. Empresas árabes planejam injetar bilhões de
dólares em hotéis. Até o metrô
de Argel, projeto que não acontece desde os anos 1970, terá as
obras iniciadas em setembro.
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