São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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Internacional

Mais segura e rica, Argélia se esconde dos turistas

PASSO DE FORMIGUINHA País não consegue fazer turismo deslanchar

DA REUTERS

A maioria dos turistas que perambula com suas máquinas fotográficas pelo Mediterrâneo neste verão do hemisfério norte voltará para casa sem uma das imagens mais atraentes da região -Argel, a capital da Argélia, voltada para uma baía.
Apesar de estar mais próspera e segura, a Argélia segue tendo seu malcuidado patrimônio desconhecido graças à histórica violência policial, ao desânimo pós-guerra e à persistente indiferença oficial ao turismo.
Enquanto Tunísia e Marrocos recebem, cada um, 6 milhões de estrangeiros ao ano, a maior e mais rica Argélia recebe apenas 1,4 milhão de visitantes ao ano, a maioria argelinos que partem da França para visitar suas famílias.
Argel, a capital, parece uma Paris transplantada no norte da África por arquitetos coloniais que evocaram a metrópole francesa com uma exuberância que segue surpreendente.
"É tão bonita essa cidade de neve sob uma luz deslumbrante", escreveu o escritor francês Guy de Maupassant em 1881 sobre sua primeira impressão da massa de prédios brancos semidestruídos.
Os argelinos dizem que o potencial interrompido da cidade é emblemático da condição do país -explodindo de possibilidades, mas amaldiçoado por uma elite política burocrática que não sabe aproveitá-las.
Em vez de se preparar para receber viajantes do mundo, a maioria dos argelinos quer deixar o país por falta de empregos e moradias e por causa das tensões políticas. Investimentos internacionais sumiram depois que a Al Qaeda bombardeou escritórios governamentais em abril, matando 33 pessoas e espalhando a volta do medo de conflitos como os dos anos 1990, entre rebeldes islâmicos e o Exército.
Mas as bombas não detiveram os poucos milhares de aventureiros que sempre rumam à porção do Saara que fica na Argélia ou aos poucos que vão à antiga cidade turca de Casbah, em Argel.
O problema é que poucas pessoas acreditam que Argel e as pequenas cidades nos arredores serão capazes de gerar empregos decentes e de forma rápida a ponto de dar conta das dezenas de milhares de jovens que vivem nas cidades e que passam o dia todo circulando por elas, sem fazer nada.
Não há dados sobre a saída de argelinos de seu país, mas o ex-primeiro-ministro Ahmed Benbitour definiu a nação como "exportadora de cérebros".
Redha Hamiani, líder de fórum que reúne empresários argelinos, afirma que a culpa é do governo, que não se modernizou e que enterra projetos com lengalengas burocráticas.
A incapacidade de explorar os muitos museus de Argel, os parques e as praias mostram uma falta de habilidade em lidar com a globalização, acusam moradores da cidade.
O pessimismo persiste, apesar de inegáveis melhoras. Investidores estrangeiros começaram a chegar. Empresas árabes planejam injetar bilhões de dólares em hotéis. Até o metrô de Argel, projeto que não acontece desde os anos 1970, terá as obras iniciadas em setembro.


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