São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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Mansão de Confúcio espelha vida de nobre

NA CHINA

Qufu, a uma noite de trem leito de Nanquim (leia texto na página F6), é uma cidade pequena e pacata, mas de grande importância histórica e cultural por ser a terra de Kong Zi (551 a.C.-479 a.C.), o Confúcio.
Kong Zi fundou o confucionismo, que não é uma religião, embora tenha sido cultuado como tal, mas uma filosofia baseada num código de ética que regula a conduta do indivíduo e os princípios do bom governo. Defendia que tanto os indivíduos quanto os Estados devem se comportar de forma plácida, moderada e em respeito às leis, evitando extremos e excessos.
Por um lado, o confucionismo refletia os ideais de uma sociedade feudal e estática tão caros à classe dominante. Por outro, teve grande impacto na cultura chinesa ao valorizar a educação, a organização e o bom convívio social.
Confúcio não foi reconhecido durante sua vida, uma época em que o Estado chinês estava fragmentado e em guerra. Mas, após sua morte, em 479 a.C., sua filosofia foi adotada, de forma cada vez mais entusiástica, por gerações de governantes. Tornou-se quase uma religião, o que pode ser comprovado pela existência de diversos templos de Confúcio.
Pelos motivos acima -e por ser uma cidade tranquila e silenciosa, onde tudo pode ser feito a pé ou de bicicleta-, Qufu é um dos pontos altos de uma viagem à China.
Há três atrações principais: a mansão de Confúcio, o templo de Confúcio, ambos no centro, e a floresta de Confúcio.
Na mansão de Confúcio, 77 gerações de descendentes do mestre viveram por cerca de 2.500 anos. Embora Confúcio tenha morrido pobre, seus filhos, netos e bisnetos enriqueceram com a decisão dos governantes de adotar o confucionismo como filosofia (ou religião) oficial. Receberam do imperador o título de "a primeira família sob o céu", menos importante apenas que a família imperial.
Cercado por altos muros, o palácio tem cerca de 450 cômodos (a maior parte do século 16) distribuídos ao redor de pátios e jardins, conectados por estreitos becos e passagens. Percorrê-lo é uma rara oportunidade de conhecer uma casa chinesa da alta nobreza.
Bem perto está o templo de Confúcio, que, ao lado da Cidade Proibida (Pequim), é um dos principais complexos arquitetônicos da China imperial. O templo original, com apenas três salas, foi fundado em 478 a.C., um ano após a morte de Confúcio. Em 539 d.C., o então imperador Jing Di restaurou e aumentou o complexo. Nos séculos que se seguiram, grande parte dos imperadores investiu no templo.
Atualmente, tem mais de um quilômetro de norte a sul, está dividido em nove enormes pátios, possui diversos halls e pavilhões de grandes proporções e 466 cômodos. A presente estrutura é originária dos períodos Ming (séc. 14-séc. 17) e Qing (séc. 17-séc. 20).
A melhor parte da visita é o Hall das Grandes Conquistas, um pavilhão de 1500 d.C. com 28 pilares de pedra esculpidos com figuras de dragões em baixo-relevo. (OD)


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