São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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"Sou bastante poços-caldense, com raiz antiga"

ANTONIO CANDIDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Poços de Caldas é uma cidade encantadora. Minha mãe, nascida lá e depois residente lá por muitos anos, dizia que é a melhor do mundo. Exagero à parte, vale a pena ir verificar se é ou não. Sou bastante poços-caldense, com raízes antigas, porque meu avô materno, médico no Rio, foi um dos diretores da empresa que, nos anos de 1880 e 1890, transformou o pequeno povoado em estância hidromineral. Muito mais tarde, meu pai, também médico, foi contratado para ser o primeiro diretor dos Serviços Termais na cidade transformada profundamente pelo Governo de Minas entre 1926 e 1930. Fomos para Poços nesta última data, quando eu tinha onze anos e meio, e apesar de ter vindo cursar a Universidade em São Paulo em 1936 e ter acabado por morar aqui, sempre vivi muito lá até 1989, configurando quase um duplo domicílio.
Conheci a pequena cidade de 12 mil habitantes, que vi crescer até ficar a cidade grande de hoje, e acho que foi sempre um lugar ideal. Basta pensar nas suas "manhãs de azul e prata" e no "célebre luar de Poços, de uma doçura de lírios diluídos", como escreveu João do Rio no romance "A Correspondência de uma Estação de Cura".


Antonio Candido de Mello e Souza, 87, é crítico literário e professor emérito da USP

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