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ASIÁTICOS
Ferrovia "high-tech" liga China ao Tibete e gera controvérsia
Passageiros passam mal em altas altitudes; críticos acusam Pequim de querer arrasar a cultura tibetana
DA ASSOCIATED PRESS
A China inaugurou na semana passada sua ferrovia "high-tech", a primeira a ligar Pequim
ao Tibete, em uma viagem direta à região do Himalaia. Com
1.140 quilômetros de extensão,
o chamado trem do Céu atinge
as maiores altitudes do mundo,
alcançando 5.072 metros.
Para percorrer as terras altas,
os engenheiros tiveram de
montar um trem com um sistema de alta tecnologia capaz de
estabilizar os trilhos sobre superfícies congeladas e cabines
enriquecidas de oxigênio para
ajudar os viajantes a lidar com
as altas altitudes.
Na viagem, tinteiros de caneta estouraram, laptops e computadores falharam, e muitos
passageiros passaram o dia lidando com os males da altitude. Tiveram de respirar por tubos de oxigênio para agüentar o
ponto mais alto, em Tanggula.
Três viajantes vomitaram,
enquanto outros tiveram dores
de cabeça -sintomas comuns
do mal de altitude. Do lado de
fora, entretanto, a vida era outra. Podiam-se observar antílopes tibetanos, mulas quase cobertas pela neve das montanhas e um céu muito azul.
A linha férrea, que custou
US$ 4,2 bilhões (R$ 9,1 bilhões)
e levou quatro anos para ser
construída, é também motivo
de muitas controvérsias.
O Tibete foi anexado pela
China em 1951 e após uma rebelião separatista reprimida
pelo Exército chinês, o dalai-lama deixou o Tibete em 1959.
Críticos, incluindo tibetanos
e o dalai-lama, dizem que os
gastos despendidos na ferrovia
fazem parte de uma campanha
de Pequim para arrasar a cultura tibetana -por encorajar o
afluxo de migrantes chineses,
que ameaçarão o ambiente e diluirão a cultura budista. Ambientalistas também lamentam
o impacto da ferrovia sobre as
terras altas do Tibete.
O trem "significará mais destruição ambiental para o Tibete, mais desemprego para os tibetanos e, claro, nossa cultura
será devastada", disse Ngawang
Woeber, um membro do Gu
Chu Sum, um grupo de apoio
para presos políticos tibetanos
baseado na Índia.
Apesar da promessa pública
do governo de Pequim em preservar o frágil platô tibetano
atravessado pelo trem, após a
viagem, com partida no sábado
e chegada na segunda-feira, havia sacos plásticos, garrafas e
caixas de papelão espalhados
ao longo dos trilhos.
Zhu Zhensheng, vice-diretor
da ferrovia, afirmou que a linha
é uma "conquista importante".
Para ele, o projeto irá estimular
a economia tibetana e ajudar as
pessoas a aprenderem sobre essa cultura. Zhu diz que poucos
tibetanos trabalharão no trem
no início, embora espere "aumentar as oportunidades".
A ferrovia foi projetada para
ajudar a dobrar a receita do turismo até 2010 e reduzir o custo
de transporte de mercadorias
em até 75%, segundo a agência
de notícias chinesa Xinhua.
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