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MIAMI 2 EM 1/ KEY BISCAYNE
Ilha conserva estrutura mais antiga da Flórida
Nixon foi 50 vezes à ilha enquanto presidente dos EUA e, ao renunciar, em 1973, morou em Key Biscayne
Silvio Cioffi/Folha Imagem
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MONUMENTO
O farol em meio ao parque Bill Baggs, onde há aéreas de lazer e recreação, além de sinalização histórica, geográfica e ecológica
DO ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
Sim, há uma ilha ao sul de
Miami Beach/South Beach onde a atmosfera é natural. Ela se
chama Key Biscayne e, ali -e
na ilha vizinha, Virginia Key-,
nada remete ao agito e à badalação do distrito Art Déco.
Cercada por praias de águas
rasas e conectada pela via expressa Rickenbacker Causeway, de 6 km de extensão, a
downtown Miami, Key Biscayne tem
uma área à beira-mar no entorno do parque Crandon, na parte superior da ilha.
Na extremidade sul, tem outra praia que, emoldurada pelo
parque Bill Baggs, conserva
bem sinalizados seus inúmeros
ninhos que guardam ovos de
tartarugas marinhas.
Nessa praia, há uma parte
mais movimentada, mas, à medida que se chega perto do histórico farol -chamado de Cape
Florida Lighthouse (www.capefloridalighthouse.com)-,
a paisagem fica mais selvagem
e os prédios dão lugar a dunas.
Construído em 1825 e restaurado algumas vezes, esse farol é a estrutura mais antiga do
sul da Flórida. Marco da arquitetura naval, já serviu para sinalizar a rota dos navios que
iam de Nova York a Key West,
a última das ilhas da Flórida, há
150 km de Cuba.
Eclética, a ilha Key Biscayne
tem, além desse lado mais selvagem, um resort Ritz-Carlton
no número 455 de Grand Bay
Drive, além de condomínios.
Richard Nixon (1913-1994),
37º presidente dos EUA, foi
presença frequente em Key
Biscayne. Proprietário de uma
casa na região, esteve pelo menos 50 vezes por ali entre 1969
e 1973- e, depois de renunciar,
no bojo do escândalo do Watergate, lá se refugiou, em 1974.
Logo na entrada da ilha de
Key Biscayne, a vista de downtown Miami é, a qualquer hora,
digna de uma parada.
Aquário
À direita após o pedágio, na
altura do 4.400 Rickenbacker
Causeway, fica o Miami Seaquarium (www.miamiseaquarium.com), onde há shows
de baleias e golfinhos.
Além dos aquários e tanques
que podem ser visitados pelos
turistas, esse parque aquático,
que se reivindica protetor dos
animais marinhos, cuida de
manatis, uma espécie gigante
de peixe-boi. Trata-se de um
mamífero aquático que habita
os manguezais da Flórida.
Luz ao sul da ilha
Mas voltando ao farol, numa
área de parque estadual conhecida como Bill Baggs Cape Florida State Recreation Area, no
extremo sul da ilha, prepare-se
para um passeio de aventura
por Key Biscayne -e, até, para
um bom piquenique.
Indo pela praia, à direita de
quem olha o mar do resort Ritz-Carlton Key Biscayne, a areia é
dura, boa para caminhada de
uma hora. Conforme o farol se
avizinha, aparece a vegetação
original, com cactos e palmeirinhas sobre as pequenas dunas.
Na praia, os ninhos de ovos
de tartarugas são demarcados,
há gente remando caiaques,
passeando de lancha, voando
de ultraleve e até tentando caçar "tesouros" com equipamento detector de metal.
Mas planeje bem sua andança no rumo sul da ilha, levando
protetor solar, água e repelente
de insetos para quando chegar
à área do farol propriamente
dita. No fim da praia, onde, na
mata, no entorno do farol, há
mosquitos vorazes. No fim da
praia, há aves, como o pelicano
e a gaivota, e a íbis branca, espécie que usa seu bico arqueado
para encontrar alimento nos
alagados e pântanos.
Também dá chegar à área de
recreação do parque Bill Baggs
de carro, pela avenida, levando
um farnel para passar o dia.
O parque tem churrasqueiras
e mesas onde é possível comer
sob as árvores. Há ainda sinalização explicativa que descreve
os hábitos das tartarugas, dos
pássaros e de outros bichos.
Há guardas florestais e banheiros e, na área, é permitido
acampar, pescar, andar de bicicleta em trilhas, nadar e colocar
jet-ski ou lancha na água.
Ao lado do farol -cujo nome
oficial é o Cape Florida Lighthouse-, fica a casa do faroleiro, que funciona como museu
desde 1972. No mesmo ano, o
organismo que preserva parques na Flórida (www.parkvisitors.com/fl/capeflorida)
investiu US$ 1,5 milhão em
obras de restauro que incluíram a fabricação de 30 mil tijolos iguais aos originais feitos no
Tennessee e usados na edificação no início do século 19.
Além da casa do faroleiro, há
placas que, decerradas em
1996, contam a história dos negros que ali achavam refúgio da
escravidão e, eventualmente,
conseguiam transporte até Bahamas, Cuba e Haiti, onde, com
sorte, se tornavam homens livres. O curioso é que tudo isso
está tão perto -e tão longe!-
da Miami que os turistas se habituaram a visitar.
Ali, reza a história, nesse território onde nos primórdios viviam índios seminoles, os escravos fugidos chamavam a si
próprios de "black seminoles".
Assim, a edificação do farol,
em 1825, também serviu para
aumentar o controle da região.
Preservar é preciso
Interessado nesse monumento único, o jornalista Bill
Baggs estimou em 300 os ex-escravos negros que teriam
conseguido escapar para o Caribe levados, a troco de dinheiro, por capitães britânicos.
Baggs foi editor do jornal
"The Miami News" de 1957 a
1969, ano em que morreu de
ataque cardíaco, aos 48 anos.
Ativista pelos direitos humanos, ele lutou pelos afro-descendentes nos EUA, se opôs à
Guerra do Vietnã e defendeu o
tombamento dessa área que
alia natureza e história em Key
Biscayne: um legado vivo e impressionante.
(SILVIO CIOFFI).
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