DO ENVIADO ESPECIAL A ALAGOAS

O passeio de buggy de Maragogi até o Pontal do Boqueirão pela praia apresenta todas as graças do litoral norte de Alagoas a quem percorre esses 22 km.
Cerca de 80% do passeio é feito pela areia da praia, quando a maré está baixa.
No trajeto, além de conhecer a beleza das praias, entra-se em contato com a cultura e o modo de vida da população local. O tour começa pela praia do Camacho, com larga extensão de areia e de piscinas naturais formadas por recifes, envolta pelos coqueirais típicos da região.
Já nesse trecho é possível ver o trabalho dos catadores de mariscos. Eles retiram os animais da areia munidos de uma faca e de um balde. "Fazemos ensopado com coco para comer", diz a catadora Maria Edith do Nascimento, 39. O sinal para localizar o marisco é um pequeno declive no solo.
Na praia seguinte, São Bento, os bancos de areia chegam a formar ilhas bem próximas à costa.
Entre os peixes em abundância da região estão a saúna e a agulha, pescadas em alto mar. Nessa praia, há muitas casas que são alugadas para temporada.
Mais à frente é preciso fazer um desvio por dentro do vilarejo por conta do rio Salgado, que deságua no mar e batiza a próxima praia, considerada mais selvagem. Foi em um trecho da estrada asfaltada, após a ponte sobre o rio, que foi filmada a cena da borracharia do filme "Deus é Brasileiro" (2002), de Cacá Diegues.
De volta à areia, avistam-se muitos recifes no mar. Segundo o bugueiro Alessandro Onofre Reginaldo, 27, os pescadores pegam os polvos agarrados aos corais. Falésias cobertas de mata atlântica e com coqueiros no sopé anunciam a chegada à praia de Japaratinga, no município homônimo.
O visual com muitas pedras, piscinas naturais e jangadas é cinematográfico. Na praia seguinte, Bitingui, há uma profusão de barcos à espera de uma pintura com piche para proteger os cascos e uma bica de água potável.
Já na Barreira do Boqueirão, o turista pode conhecer a estrutura do curral -um tipo de armadilha- utilizado para pesca, já que a maré está baixa. O aposentado Bartolomeu José Rodrigues, 69, dono de um desses currais, explica que ali se pega tainha, xaréu, capareba e camurim e que o nome local para curral é camboa.
É nessa praia também que se encontra um pouco de agito: restaurantes e bares, que servem pratos à base de polvo, camarão e lagostim. Até o Pontal segue uma moldura interminável de coqueiros e formações rochosas no mar.
Quem quiser prolongar o passeio pode atravessar o rio Manguaba em uma balsa até o município de Porto das Pedra. A travessia dura cinco minutos.
Curioso nesse local é a placa pendurada em uma árvore que anuncia que d. Pedro 2º descansou ali por alguns minutos.
Seguindo ainda na direção sul de Alagoas, chega-se ao município de São Miguel dos Milagres, com praias mais selvagens e pousadas charmosas (leia ao lado).
(AUGUSTO PINHEIRO)


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