São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

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TERRA DO SEMPRE

Mercado imanta turista para Notting Hill

Barracas e lojas nas ruas vendem porcelana antiga, casacos de pele, brinquedos e até CDs dos Mutantes

MANUELA MINNS
EM LONDRES

Antigüidades, artigos de segunda mão e artistas fazem do mercado de Portobello, em Notting Hill, um dos mais famosos do mundo. As barracas e lojas que se espalham por Portobello Road e redondezas revelam porcelanas antiqüíssimas, casacos de pele, camisetas infantis de bandas de rock, brinquedos de colecionador e até CDs dos Mutantes.
O melhor horário para ir lá é sábado, das 10h às 16h. A quantidade de artigos e comidas é maior. E a de turistas também. Um mar de gente em busca de boas barganhas.
A região foi refúgio de artistas e destino de uma forte migração caribenha. Isso marcou o bairro com um espírito relaxado e festivo. Notting Hill, com suas casas de portas coloridas, também ficou famoso pelo filme "Um Lugar Chamado Notting Hill" (1999), com Julia Roberts e Hugh Grant.
Uma dica é começar a explorar o mercado perto da estação de metrô Notting Hill Gate. Pegue a saída North Side e vire à direita na Pembridge Street. Uma seqüência de pubs e lojas de roupas vintage e camisetas dá o tom descolado do lugar.
Uma dica para comer é o Arancina, café siciliano com pizzas em pedaço e outros salgados. A vitrine é decorada com a lateral de um fusca laranja, e os atendentes são sorridentes.
Algumas casas à frente fica a loja de brinquedos vintage Mimi Fifi (www.mimififi.com), que há 20 anos vende brinquedos de colecionador. São chaveiros dos Smurfs, bonecos da Pantera Cor-de-Rosa e lancheira do Gato Félix. Os brinquedos ficam em vitrines e forram os dois andares da loja.
Continuando pela Pembridge Street, sempre à esquerda, chega-se à Portobello Road, onde barracas dividem espaço com grandes nomes como The Body Shop, Lush, Accessorize, American Apparel e Starbucks.
Na primeira parte, o forte são as antigüidades. A obsessão dos ingleses com o chá das cinco ganha forma de xícaras, canecas e pires com anos e anos.
Além de porcelanas, há pratarias, jóias, máquinas fotográficas, bolsas e bonecas russas. Há uma barraca só com buzinas e sinos de metal.

"Berries"
Mais alguns passos e se chega à travessa com a Westbourne Grove, onde começa o mercado de comida.
Embora barracas de frutas e verduras pareçam banais a brasileiros, em Londres, fria a maior parte do tempo, maçãs, bananas e tomates são objetos de luxo. Vale gastar algumas libras nas famosas "berries" (frutas vermelhas): "strawberry" (morango), "raspberry" (framboesa) e "blueberry" (uma frutinha azul arredondada).
Esse é o quarteirão para se comer alguma coisa. Os turistas fazem fila nos quiosques de sanduíches com salsichões alemães e muita cebola ou de camarões fritos servidos em guardanapos e potes de plástico. Come-se de pé mesmo. É a solução mais rápida e barata para matar a fome.
Quem não se importar em pagar caro para almoçar, basta virar à direita na Wesbourne Grove e subir dois quarteirões. Na altura do 236 os restaurantes e cafés são mais chiques. Essa rua ficou conhecida como a Rodeo Drive de Londres por causa do público endinheirado que circula por ali. No Tom's e no Fresh & Wild (www.wholefoodsmarket.com/uk) são servidos sanduíches e pratos feitos com produtos orgânicos, febre na Inglaterra. O clima "hippie-chique" impera.
Voltando ao mercado, no mesmo quarteirão das barracas de comida encontra-se o The Electric Cinema (www.theelectric.co.uk), um dos cinemas mais antigos de Londres. Nos anos 70 os artistas que viviam no local se encontravam lá para bater papo, debater política, fumar maconha e, claro, ver filmes. Dizem que Gilberto Gil e Caetano Veloso, quando moravam na cidade, costumavam passar ali.
O clima de sala de estar é mantido até hoje. As poltronas são de couro, há espaço para apoiar os pés e mesinhas para as comidas e bebidas que são servidas no bar do cinema. Dá para assistir aos filmes tomando cerveja ou vinho. A entrada chega a 12,50 libras.

Alta fidelidade
Perto dali fica a Fussy Nation. Por fora parece mais uma loja banal de coisinhas de criança, mas reserva uma surpresa para os pais roqueiros: camisetas infantis de bandas como Blondie e Ramones.
Outra parada estratégica é a Rough Trade (www.roughtrade.com), lendária loja de discos que há 30 anos é vitrine do que é e será sucesso no mundo. Fica na Talbot Road, 130.
O lugar é pequeno, cheio de pôsteres, prateleiras lotadas de CDs e LPs e um jeito meio "Alta Fidelidade", livro do inglês Nick Hornby que virou filme com o ator John Cusack. Pessoas de todas as idades circulam por ali. Os vendedores são apaixonados por música e estão sempre disponíveis para sugerir novos sons. Não se espante se das caixas de som sair alguma balada dos Mutantes. Os donos adoram colocar música brasileira.
O penúltimo pedaço do mercado antes de chegar à ponte por onde passa o metrô Ladbroke Grove é confuso. Há bugigangas como cabides de plástico, produtos de limpeza, tecidos baratos e tênis falsificados. Mas não se assuste: mais adiante, o mercado continua.
Virando à esquerda após a ponte está a marquise onde os artesãos mostram seus trabalhos. Casacos de pele de carneiro com desenhos feitos à mão, blusas de caxemira customizadas e flores de couro para colocar no cabelo são algumas das coisas disponíveis. Kate Moss, Siena Miller e Keira Knightley costumam circular por ali. Muitos dos brechós de moda estão nessa área também. Por isso encontram-se coisas exclusivas com preços acessíveis.


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