São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

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CASAS-MUSEU EM SP
Além de coleção focada em móveis de época e design, museu faz eventos musicais às quintas e domingos

Onde as árvores fazem parte do acervo

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se não fosse pelo barulho, às vezes intenso, produzido por ônibus e carros na av. Brigadeiro Faria Lima, o Museu da Casa Brasileira (MCB) também poderia ser considerado um oásis de história em meio ao centro comercial que abrange os bairros de Pinheiros, Jardim Paulistano e Itaim.
A casa, um solar de estilo neoclássico, que atualmente ocupa uma área de 7.200 m2, foi construída na década de 1940 pelo então ex-prefeito e engenheiro Fábio da Silva Prado, que lá viveu por mais de 15 anos com sua esposa Renata Crespi da Silva Prado. Na época, o terreno possuía 15 mil m2. A região, então mais próxima do rio Pinheiros, foi procurada pelas elites paulistanas como um novo destino em relação aos bairros mais antigos, como Luz e Campos Elíseos.
O local, perto do ponto final do bonde, era distante da av. Paulista, então repleta por casarões. Na Faria Lima, casas chiques eram mais raras, pois ali predominavam chácaras.
Em 1972, o palacete virou Museu da Casa Brasileira e, hoje, conta com 44 peças de mobiliário e 41 objetos pertencentes ao acervo da instituição. A exposição dos móveis é agrupada por utilidade, como "servir", "ouvir" e "dormir". Não deixe passar despercebido o Banco Bandeirante, de madeira maciça e construído em X no século 19, usado por bandeirantes em viagens. No piso superior, a "Coleção Crespi-Prado" -Renata era filha do industrial têxtil Rodolpho Crespi- reúne peças utilitárias e obras de arte. Entre as telas, é possível conferir a "Floresta e o Veado", de Cândido Portinari.
Para entrar no clima do solar, perca alguns minutos vendo o banheiro no ambiente térreo, com peça de mármore inteiriça. A visita não se completa sem uma passada pelo elevador, construído a pedido da senhora Crespi.

Quintal verde
O jardim com 6.600 m2 é um grande atrativo. A atenção dada a essa área é tanta que as árvores são consideradas parte do acervo. "O jardim foi plantado quando aqui viveu Fábio Prado. Ele representa a introdução do jardim francês naquela época", explica Giancarlo Latorraca, diretor técnico.
Caminhe pelo bosque e observe os exemplares nativos, como o tapiá e a seringueira, e estrangeiros, como a aglaia, árvore comum no Vietnã e na China. Os painéis de identificação ajudam a conhecer um pouco mais sobre a história e alguns dos costumes da capital paulista no final do século 19.
Quem passa pelo local no horário de almoço pode ainda estender a visita e saborear uma caprichada refeição no Quinta do Museu (www.quintadomuseu.com.br).

Música ao vivo
Hoje, às 20h30, a dupla Duofel se apresenta no quintal do MCB. O repertório dos violinistas são releituras de músicas da banda inglesa Os Beatles. Com entrada gratuita, a programação segue durante todo o mês de abril, com a banda Pau Brasil (15), Nelson Ayres Trio (22) e Nonada (29).
Aos domingos, sempre às 11h, espetáculos musicais gratuitos também tomam conta do belo jardim. No dia 11, a Orquestra Antunes Câmara apresenta obras de Villa-Lobos, Guerra Peixe, Francisco Mignone e Carlos Gomes.
Não deixe para chegar em cima da hora, pois as vagas são concorridas e limitadas.
(RAFAEL MOSNA)


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