|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
internacional
Revitalização de Luxor preocupa especialistas
HISTÓRIA De acordo com críticos, o patrimônio mais recente não é levado em conta e vem sendo destruído na obra
DA REUTERS
Nas ruas poeirentas, escavadeiras e empilhadeiras trabalham na cidade onde Agatha
Christie encontrou inspiração
e Howard Carter desenterrou
Tutancâmon.
O Egito já retirou o velho bazar de Luxor e demoliu centenas de casas e dezenas de edifícios belle époque num esforço
para transformar a cidade em
um imenso museu a céu aberto.
Autoridades afirmam que o
projeto vai preservar templos e
atrair mais turistas, mas os trabalhos escandalizaram arqueologistas e arquitetos que afirmam que o patrimônio mais recente de Luxor foi destruído.
"Eles basicamente querem
botar tudo abaixo", disse um
estrangeiro que vive em Luxor
durante parte do ano -ele exigiu anonimato para falar. "Eles
querem isso tudo asfaltado,
com lojas e centros de compras.
Essa é a ideia de moderno e
progressivo deles", completou.
Ele ressaltou a destruição da
casa do século 19 do arqueologista francês Georges Legrain,
demolida para dar espaço a
uma praça do lado de fora do
templo de Karnak, e planos de
botar abaixo a vila de 150 anos
do paxá Andraos.
Mais conhecida por seus
templos e tumbas, os prédios
da Era Vitoriana de Luxor e
suas vielas poeirentas atraíram
egiptologistas, estadistas e escritores por décadas.
Samir Farag, ex-general
egípcio que agora lidera o plano
bilionário para reinventar Luxor, despreza as críticas. Segundo ele, melhorias na cidade
reduziram o trânsito e trouxeram educação e assistência médica de melhor qualidade.
"Umas poucas pessoas, que talvez tiveram suas casas removidas ou algo assim, querem criticar", disse Farag. "Apenas limpamos as casas, as ruas. Você
não encontra outra cidade limpa como Luxor agora no Egito."
De acordo com Farag, seu
trabalho foi elogiado por Francesco Bandarin, chefe do Centro de Patrimônio Mundial na
Organização Educacional,
Científica e Cultural das Nações Unidas. "Ele mora em Veneza. Eles têm lá uma grande
área de favelas", afirmou Farag.
"Quando ele veio e viu o que fiz
com as casas, as áreas de favela,
ele disse: "Devíamos ter alguém
como você em Veneza também'", completou.
De acordo com o projeto, a cidade e as áreas do entorno terão, até 2030, campos de golfe,
hotéis cinco estrelas e quilômetros de novas vias, enquanto
uma grande quantidade de luzes vai iluminar as montanhas
e os vales onde Tutancâmon foi
enterrado.
O Conselho Supremo de Antiguidades do Egito está restaurando uma avenida de 2,7 km
com esfinges que liga os templos de Luxor e Karnak.
De acordo com as autoridades, os prédios removidos não
eram historicamente importantes e os proprietários receberam compensação monetária ou um apartamento.
No entanto, arqueologistas
afirmam que o trabalho pode
estar danificando antiguidades
e avança por dezenas de prédios clássicos com a desatenção
das organizações internacionais que financiam o projeto.
Enquanto muitos reclamam
do projeto de modo privado,
ninguém concorda em criticá-lo publicamente, por medo de
represálias. "Muitos prédios de
vários períodos foram derrubados, ou serão, e isso é totalmente negativo", disse um arquiteto com experiência em projetos
de patrimônio do Egito.
Texto Anterior: Pesquisa: Japão tem programa de bolsas para nós Próximo Texto: Cego pode tocar peças no Museu Egípcio Índice
|