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Cego pode tocar peças no Museu Egípcio
DA EFE
O Egito dos faraós passa a ser
mais acessível aos cegos, que,
graças a um programa do Museu Egípcio do Cairo, agora podem tocar alguns dos restos faraônicos mais importantes.
"Para os cegos é uma experiência incrível, porque eles podem conectar o que foi contado
a eles com sua experiência de
tocar as peças", disse Tahani
Zakareia, responsável pelo programa.
Milhares de alunos participaram do projeto, no qual trabalham quatro guias, três deles
cegos, que se propuseram agora
a rotular em braile a escassa informação das antiguidades.
"A necessidade de tocar algo
para imaginá-lo não é exclusiva
dos cegos, pois qualquer pessoa
precisa ver ou tocar um objeto
para ter uma ideia de como ele
é. Mas, no caso dos cegos, a única maneira de sentir a história é
por meio de suas mãos", completa Zakareia.
Nagwa Ibrahin, uma dos quatro guias, explica que o primeiro a fazer é proporcionar alguma informação aos cegos sobre
o patrimônio faraônico. Essa
explicação "muito simples", segundo ela, dá as boas-vindas e
marca o início da visita ao museu, que abriga uma coleção de
mais de 120 mil peças do Antigo
Egito.
Durante o passeio, os visitantes cegos se movem pelas salas
com restos arqueológicos levados pelos guias, que permitem
que eles toquem antiguidades
como tumbas, estátuas e mesas
de mumificação.
"Uma vez terminada a visita,
organizamos uma reunião e vemos como eles imaginaram os
restos", completa Nagwa.
"Quando as crianças tocam
as peças, percebem primeiro
seus tamanhos e limites, e se é
homem ou mulher", diz Adel
Mustafa, outro guia. "Tocamos
os rostos com os dedos e, por
causa das barbas, sabemos se é
um faraó ou se é homem ou
mulher, pois seus traços faciais
são diferentes", completa.
Assim como as dos guias, as
mãos dos alunos percorrem as
estátuas, percebendo sua textura e gravações, e assim eles
logo percebem, por exemplo, se
a cabeça é humana ou de animal. "Logo eles nos dão suas
impressões", diz Adel.
Nagui, também um guia do
museu, diz: "Tocar as peças
permite que os cegos a sintam,
tenham exemplos e, juntamente com as explicações, possam
imaginar a antiguidade".
A presença dos cegos no museu não reduz as visitas guiadas, e os quatro guias trabalham para colocar informações
em braile ao lado das peças arqueológicas. "Assim, se um cego decide ir sozinho ao museu,
poderá entender o que significam as peças", diz Nagui.
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