São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

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Cego pode tocar peças no Museu Egípcio

DA EFE

O Egito dos faraós passa a ser mais acessível aos cegos, que, graças a um programa do Museu Egípcio do Cairo, agora podem tocar alguns dos restos faraônicos mais importantes.
"Para os cegos é uma experiência incrível, porque eles podem conectar o que foi contado a eles com sua experiência de tocar as peças", disse Tahani Zakareia, responsável pelo programa.
Milhares de alunos participaram do projeto, no qual trabalham quatro guias, três deles cegos, que se propuseram agora a rotular em braile a escassa informação das antiguidades.
"A necessidade de tocar algo para imaginá-lo não é exclusiva dos cegos, pois qualquer pessoa precisa ver ou tocar um objeto para ter uma ideia de como ele é. Mas, no caso dos cegos, a única maneira de sentir a história é por meio de suas mãos", completa Zakareia.
Nagwa Ibrahin, uma dos quatro guias, explica que o primeiro a fazer é proporcionar alguma informação aos cegos sobre o patrimônio faraônico. Essa explicação "muito simples", segundo ela, dá as boas-vindas e marca o início da visita ao museu, que abriga uma coleção de mais de 120 mil peças do Antigo Egito.
Durante o passeio, os visitantes cegos se movem pelas salas com restos arqueológicos levados pelos guias, que permitem que eles toquem antiguidades como tumbas, estátuas e mesas de mumificação.
"Uma vez terminada a visita, organizamos uma reunião e vemos como eles imaginaram os restos", completa Nagwa.
"Quando as crianças tocam as peças, percebem primeiro seus tamanhos e limites, e se é homem ou mulher", diz Adel Mustafa, outro guia. "Tocamos os rostos com os dedos e, por causa das barbas, sabemos se é um faraó ou se é homem ou mulher, pois seus traços faciais são diferentes", completa.
Assim como as dos guias, as mãos dos alunos percorrem as estátuas, percebendo sua textura e gravações, e assim eles logo percebem, por exemplo, se a cabeça é humana ou de animal. "Logo eles nos dão suas impressões", diz Adel.
Nagui, também um guia do museu, diz: "Tocar as peças permite que os cegos a sintam, tenham exemplos e, juntamente com as explicações, possam imaginar a antiguidade".
A presença dos cegos no museu não reduz as visitas guiadas, e os quatro guias trabalham para colocar informações em braile ao lado das peças arqueológicas. "Assim, se um cego decide ir sozinho ao museu, poderá entender o que significam as peças", diz Nagui.


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