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BRASIL/JAPÃO
Cultura da região foi preservada no Brasil
Dialeto da Província continuou a ser falado, e há quem venha de Okinawa para o país para aprendê-lo
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma estratégia marcante dos
okinawanos para buscar evitar
a discriminação pelos japoneses foi a assimilação da cultura
japonesa, tanto no Japão como
no Brasil. Ou seja, aprender a
língua japonesa e ocultar e restringir seus costumes próprios.
Em sua terra natal, na primeira metade do século 20,
precisaram abandonar seus
costumes. Mas, dentro da comunidade brasileira, conseguiram mantê-los melhor. Tanto
que ocorreu um processo invertido quanto ao idioma.
Como o Brasil não passou pelo processo de supressão da língua de Okinawa, o uchinaguchi,
como aconteceu na Província,
há pessoas -como a cantora
okinawana Megumi Ogushi,
28- que vêm ao Brasil para
aprender a língua, que mal é falada hoje lá. Assim, o Brasil se
tornou uma espécie de "celeiro" do dialeto de Okinawa.
Entre os líderes das comunidades okinawanas no Brasil, o
discurso era de assimilação dos
costumes japoneses. Na escola,
falavam e aprendiam japonês.
Entre a família, falavam seu
dialeto e mantinham seus costumes. "Isso ocorreu porque
eram minoritários, mas uma
minoria de minorias", diz Koichi Mori, professor de antropologia da USP. Reduzida, essa
dualidade "acontece até hoje".
Nilson Eijo Kamiya, 24, formado em educação física e morador do Tremembé, em São
Paulo, outra região que concentra descendentes de okinawanos, diz que as associações de
japoneses e descendentes no
Brasil promovem campeonatos
só de okinawanos, dos quais
participou. Mas não acha que
okinawanos sejam fechados:
"Simplesmente a família não
conhece muito o que tem fora".
Foi na década de 1970 que os
okinawanos começaram a recuperar a sua identidade, afirmando-se como realmente diferentes dos japoneses, descendentes do reino de Ryu-Kyu,
com influência chinesa de fato.
Assim, conseguiram até representação política. "Quase
todos os políticos nikkeis são
de Okinawa", diz Mori. Exemplos são o ex-deputado federal
e ex-ministro Luiz Gushiken; e
Ushitaro Kamiya, ex-deputado
e vereador em São Paulo.
Mesmo com a busca por uma
identidade própria, há ao menos dois exemplos de okinawanos que lideram a comunidade
de japoneses e descendentes:
Kokei Uehara, presidente da
Associação para Comemoração
do Centenário da Imigração Japonesa e do Bunkyo (Sociedade
Brasileira de Cultura Japonesa
e de Assistência Social), e Akeo
Uehara Yogui, presidente do
Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão
no Brasil).
(MK)
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