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OPINIÃO PONTO DE ENCONTRO
"Peru é uma só alma que não esquece dos seus fragmentos"
Um dos frutos mais óbvios das fusões de imigrantes
é a gastronomia, com os tamales e as humitas
A HISTÓRIA DO PERU É UM EXPERIMENTO DA HUMANIDADE A DEMONSTRAR QUE PESSOAS DE TODOS OS CANTOS PODEM CONVIVER CRIANDO UMA SÓ CULTURA
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ALONSO CUETO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Das cerca de 2.000 línguas
que eram faladas no Peru até
há alguns anos, muitas desapareceram. Mas, línguas como o machiguenga, o aguaruna e, obviamente, o quéchua e o aimará, têm ainda
dezenas ou centenas de milhares de falantes.
Um dos frutos mais óbvios
das fusões dos imigrantes é a
gastronomia. Os primeiros
escravos marroquinos criaram o seco de carne (carne
cozida com molho), com o
uso de coentro; os chineses
trouxeram o costume do arroz (acompanhamento obrigatório para qualquer peruano que se apresenta como
tal) e inventaram o prato lomo saltado; os negros produziram os tamales (pratos que
lembram a pamonha) e as
humitas (à base de milho).
Os italianos fizeram de Lima um dos melhores lugares
para comer massa.
Outro fruto é a música. Hoje é possível escutar nos teatros da capital Lima a músicos que cantam em quéchua
e se pode assistir a programas de TV com flautas,
"zampoñas" e "charangos"
(instrumentos peruanos), incorporados ao violino, à arpa
e ao saxofone.
Na história do Peru, por último, todos os caminhos conduzem a Machu Picchu, o
templo apoiado não só por
seus muros, escadas e portas, como também pelo sítio
natural em que está encravado, sobre um sólido céu azul,
no pé de uma montanha verde -e junto ao vale sagrado.
A história do Peru, como a
do Brasil, é um experimento
da humanidade por mostrar
que pessoas de todos os cantos do planeta podem conviver e criar, em meio às diferenças, num país com tantas
geografias, uma cultura. Uma só alma que não esquece seus fragmentos.
Tradução de LUISA ALCANTARA E SILVA
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