São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2010

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OPINIÃO PONTO DE ENCONTRO

"Peru é uma só alma que não esquece dos seus fragmentos"

Um dos frutos mais óbvios das fusões de imigrantes é a gastronomia, com os tamales e as humitas


A HISTÓRIA DO PERU É UM EXPERIMENTO DA HUMANIDADE A DEMONSTRAR QUE PESSOAS DE TODOS OS CANTOS PODEM CONVIVER CRIANDO UMA SÓ CULTURA


ALONSO CUETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Das cerca de 2.000 línguas que eram faladas no Peru até há alguns anos, muitas desapareceram. Mas, línguas como o machiguenga, o aguaruna e, obviamente, o quéchua e o aimará, têm ainda dezenas ou centenas de milhares de falantes.
Um dos frutos mais óbvios das fusões dos imigrantes é a gastronomia. Os primeiros escravos marroquinos criaram o seco de carne (carne cozida com molho), com o uso de coentro; os chineses trouxeram o costume do arroz (acompanhamento obrigatório para qualquer peruano que se apresenta como tal) e inventaram o prato lomo saltado; os negros produziram os tamales (pratos que lembram a pamonha) e as humitas (à base de milho).
Os italianos fizeram de Lima um dos melhores lugares para comer massa.
Outro fruto é a música. Hoje é possível escutar nos teatros da capital Lima a músicos que cantam em quéchua e se pode assistir a programas de TV com flautas, "zampoñas" e "charangos" (instrumentos peruanos), incorporados ao violino, à arpa e ao saxofone.
Na história do Peru, por último, todos os caminhos conduzem a Machu Picchu, o templo apoiado não só por seus muros, escadas e portas, como também pelo sítio natural em que está encravado, sobre um sólido céu azul, no pé de uma montanha verde -e junto ao vale sagrado.
A história do Peru, como a do Brasil, é um experimento da humanidade por mostrar que pessoas de todos os cantos do planeta podem conviver e criar, em meio às diferenças, num país com tantas geografias, uma cultura. Uma só alma que não esquece seus fragmentos.

Tradução de LUISA ALCANTARA E SILVA


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