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FRESTA PARA TURISTA
Pretensioso, projeto quer fazer do país eco-modelo
Acredita-se, porém, que idéia serve a intenções políticas, e comunidades nem teriam sido consultadas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA LÍBIA
No dia 10 de setembro de
2007 foi anunciado, em meio às
ruínas de Cyrene, o "maior projeto regional de desenvolvimento sustentável do planeta".
Chamado de Declaração de
Cyrene, o plano pretende conservar e desenvolver uma região de 5.500 km2 entre a costa
mediterrânea e as Montanhas
Verdes (Jebel al-Akhdar).
Quem assinou a declaração
foi Saif al-Islam Gaddafi, filho e
provável herdeiro político de
Muammar Gaddafi.
O projeto é pretensioso. Saif
estabeleceu a Autoridade de
Conservação e Desenvolvimento Montanhas Verdes
(GMCDA, na sigla em inglês)
para supervisionar a criação, o
desenvolvimento e a manutenção de um parque nacional, sítios de conservação arqueológica, áreas de uso misto para o
comércio e turismo cultural e
ecológico, infra-estrutura sustentável, geração de energia renovável, planejamento urbano
ecologicamente responsável,
educação, microfinanciamentos e biocombustíveis.
Seu objetivo principal é desenvolver o potencial turístico
da região de forma sustentável,
preservando o ambiente natural e os sítios arqueológicos.
Por enquanto, porém, a julgar
pelo folheto do evento e pelas
maquetes apresentadas, o projeto se resume a três luxuosos
hotéis, ao menos integrados
aos princípios ecológicos.
Um deles ficará próximo às
ruínas, sobre as fundações de
um antigo hotel construído pelos ocupantes italianos nos
anos 1930. Outro será construído de forma a camuflar-se na
beira de um cânion. Todos devem aproveitar a ventilação natural e a energia solar, minimizando o impacto na paisagem.
No litoral, a idéia é preservar
o ambiente praticamente intocado, proibindo qualquer construção na costa. Pretende-se
criar zonas controladas de floresta e agricultura nas encostas
das montanhas. Novas vilas seriam baseadas nos moldes de
uma medina árabe tradicional,
minimizando o uso de veículos.
O governo líbio prometeu investir no projeto cerca de US$
3 bilhões, enquanto uma companhia privada do ramo petrolífero financiará a construção
dos resorts. Também estão envolvidos especialistas em tecnologia verde, conservação,
agricultura e arqueologia.
Porém ficam dúvidas. Se o
projeto for todo posto em prática, a Líbia pode se tornar um
modelo de ecoturismo. Mas
muitos acreditam que tudo serve mais para divulgar a imagem
reformista de Saif do que para
beneficiar o ambiente e as comunidades locais, que, dizem,
sequer foram consultadas.
(PEDRO CARRILHO)
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