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FRESTA PARA TURISTA
Situação dos direitos humanos ainda preocupa, afirmam ONGs
Organizações internacionais apontam avanço, mas problemas graves continuam rondando a cidadania
DA REDAÇÃO
A situação dos direitos humanos teve melhoras nos últimos anos, na esteira da reaproximação da Líbia com o Ocidente, mas problemas graves
persistem. É o que indicam os
últimos relatórios da Anistia
Internacional e da organização
Human Rights Watch sobre o
país governado com mão-de-ferro pelo coronel Gaddafi.
Entre as medidas positivas
apontadas pelas duas organizações está a libertação de cinco
enfermeiras búlgaras e de um
médico palestino, em julho,
após negociações com a União
Européia. O grupo passou oito
anos preso sob a acusação de
infectar 462 crianças com o
HIV. O acordo envolveu indenizações que somam US$ 400
milhões às famílias das crianças, pagas por países da UE.
Os prisioneiros sempre afirmaram inocência e diziam que
haviam sido torturados para
confessar a culpa; a Líbia negava. Em agosto, Saif al Islam, filho de Gaddafi, admitiu à rede
de notícias Al Jazeera que os
prisioneiros foram torturados.
Outro avanço apontado pelas
duas organizações é a libertação de 132 presos políticos em
março de 2006. Em novembro
do mesmo ano, outros 20 prisioneiros foram soltos.
Os problemas, no entanto,
continuam, de acordo com relatórios das duas instituições:
ao menos 12 pessoas foram
mortas em fevereiro de 2006
após serem baleadas pela polícia durante um protesto em
Benghazi contra charges do
profeta Maomé que foram publicadas em jornais europeus.
Outra questão apontada pela
Anistia Internacional e pela
Human Rights Watch é o tratamento dispensado a imigrantes, refugiados e estrangeiros
em busca de asilo. Há relatos de
surras na prisão, deportações
coletivas e falta de acesso a advogados. Segundo a Human
Rights Watch, em 2006 a secretaria de Justiça líbia criou um
comitê para formular leis sobre
questões de asilo.
Os relatórios das duas instituições apontam que, em outubro do ano passado, um prisioneiro morreu na prisão de Abu
Salim, em Trípoli, depois que as
forças de segurança abriram fogo para conter um protesto. O
episódio ocorreu dez anos após
a morte de detentos -segundo
uma testemunha ouvida pela
Human Rights Watch, seriam
cerca de 1.200- na mesma prisão, em julho de 1996, durante
um motim contra as condições
do local.
Tanto a Human Rights
Watch quanto a Anistia Internacional destacam que governo
líbio, além de não aceitar turistas que tenham visto israelense
no passaporte, restringe a liberdade de expressão e prende
quem se aventurar a criticar o
sistema político ou o ditador
Gaddafi. Expressar oposição ao
regime pode levar até mesmo à
pena de morte.
De acordo com as entidades,
o número de prisioneiros políticos no país é considerado
grande, mas difícil de ser determinado. A Human Rights
Watch cita usa estimativa de
uma organização líbia baseada
no exterior: mais de 250 prisioneiros teriam desaparecido.
No que diz respeito aos direitos das mulheres, as duas organizações registram que questões como divórcio, herança e
propriedade continuam a ser
regidas pelas leis islâmicas.
Mulheres e meninas suspeitas
de transgredir os códigos morais são colocadas indefinidamente em abrigos de "reabilitação social".
O relatório da Human Rights
Watch afirma que há apenas
duas organizações de direitos
humanos no país, sendo uma
delas quase oficial, dirigida por
Saif al Islam, filho de Gaddafi.
Em um discurso em 2006, ele
criticou a corrupção no governo, sua falta de representatividade, apontou a falta de uma
imprensa livre e pediu por reformas políticas.
De acordo com a Anistia Internacional, porém, no mesmo
mês o ditador Gaddafi encorajou seus partidários a "matar os
inimigos" caso eles pedissem
por mudanças políticas.
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