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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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TRAGOS LETRADOS

Além do inglês, país tem o gaélico como língua oficial, que aparece em placas nas ruas e nas estradas

Irlanda estende tapete verde para turista

Margarete Magalhães/Folha Imagem
Paredão Cliffs of Moher, na costa oeste do país, de 215 m de altura


MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL À IRLANDA

Ao tomar o avião da Aer Lingus na conexão em Londres, com um trevo decorando a asa, sabe-se que falta pouco para chegar a Dublin, capital da Irlanda. Na imigração, o turista não tem de responder 200 perguntas. Nota-se que o país dos castelos e das ruínas, do cantor Bono Vox (do U2) e de são Patrício começa a estender o tapete verde para o turista. "Bom passeio", dispensa o funcionário. Procura-se a saída. Placa: "Slí Amach" ao lado de "Exit".
Já na rua, não é difícil observar as belas portas coloridas decoradas com aldravas douradas em casas em estilo georgiano, com tijolos vermelhos e janelas que diminuem de tamanho até chegar no alto, no máximo quatro andares, com uma ou outra exceção.
Em direção ao interior e aos campos de cor verde, aprende-se - após passar por várias cidades que parecem ter o mesmo nome- que a sílaba "kil" presente em locais como Kilkenny, Killarney, Killaloe e Kilkee significa "igreja" em gaélico.
Os sinais bilíngues em gaélico -ou irlandês, como dizem os próprios habitantes do país, cuja população é de 3,9 milhões de habitantes (menos que o dobro de ovelhas)- e inglês espalham-se em todas as placas de rua e nas estradas que conduzem ao interior.

Pub e cerveja
Uma das economias mais pujantes da Europa, que ganhou força depois da entrada do país na União Européia (1973), a ilha, de 450 km de comprimento e 300 km de largura, que já foi invadida por vikings, normandos e dominada por britânicos até 1921, agora conquista outros países com literatura, cerveja de alta qualidade (leia mais na pág. F9) e pubs.
Esses locais não são apenas lugares para se embriagar e fumar. A partir de janeiro, o cigarro estará proibido nos pubs da Irlanda -é o primeiro país europeu a adotar a medida. Além disso, na hora do almoço, os pubs servem refeições e, à noite, tradicionais e bem-humoradas músicas rimadas para deleite do turista. Em Dublin, há até literatura no menu dos pubs (leia mais na pág. F8).
Apesar de serem produtores de Prêmios Nobel da Literatura -Samuel Beckett (1969), William Butter Yeats (1923) e Seamus Heaney Winner (1995)-, os irlandeses gostam de manter as coisas simples. Nem percebem, mas repetem com frequência a frase: "Keep it simple" (mantenha as coisas simples).
Apesar de abranger também a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido (leia mais na pág. F13), a ilha não é grande e não são tantas as cidades populosas -depois de Dublin, as maiores são Galway (no oeste) e Cork (no sul). Por isso, se um irlandês disser o nome do seu Condado (há 26), seu sobrenome e sua cidade, logo ouvirá que o amigo do tio estudou com um primo da sua irmã.
No ano que vem, uma comemoração não muito simples intricará a cidade com os cem anos do Bloomsday (leia nas págs. F4 a F6), dia relatado na obra "Ulisses", do escritor irlandês James Joyce. Dublin estará em festa. A data, celebrada em 16 de junho, terá eventos por cinco meses, começando em fevereiro.
Para participar da festança em Dublin, não importa ter sido ou não leitor do livro, considerado uma obra "complexa" por seu sobrinho-neto Bob Joyce, que dirige o James Joyce Center, na capital.
Na simplicidade nativa, o curador do museu James Joyce, Robert Nicholson, diz: "Ler Ulisses é como uma corrida de cavalo. Se houver um obstáculo [na leitura], você pula e vai para o outro lado".


Margarete Magalhães viajou a convite da Embaixada da Irlanda e do escritório de turismo irlandês.


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