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TRAGOS LETRADOS
Inevitável não trilhar os caminhos do personagem, como a Grafton Street, hoje exclusiva para pedestres
Turista pisa sobre as pegadas de Bloom
DA ENVIADA ESPECIAL À IRLANDA >
Trinity College, Grafton Street,
ponte O'Connell, hotel Ormond,
pub Davy Byrne's, Banco da Irlanda, rio Liffey. É difícil traçar de
ponta a ponta o caminho de
Bloom e de Stephen Dedalus por
Dublin, pois os dois zanzaram por
todos os cantos da cidade. Mas,
mesmo desconhecendo a obra de
Joyce, é inevitável que pegadas
reais passem por cima de fictícias.
Uma referência é saber de que
lado do rio Liffey, que corta a cidade, você está. O norte é menos
conservado e glamouroso, mas
não menos interessante.
A Grafton Street é um dos bons
pontos de partida. Os personagens joycianos gastaram boa parte da sola de sapato nessa rua, hoje
exclusiva para pedestres, que concentra lojas da moda, floristas,
músicos, pubs e cafés elegantes. O
vaivém não tem hora.
Numa das travessas, na Duke
Street, fica o Davy Byrne pub, onde Bloom almoçou no dia 16 de
junho de 1904. Se quiser repetir o
cardápio, pare ali e peça um sanduíche de queijo gorgonzola e
uma taça de burgundi.
Continuando na Grafton Street
em direção ao rio Liffey, chega-se
ao Trinity College, a mais antiga
universidade da Irlanda, fundada
por Elizabeth 1ª em 1592. É hora
de dar uma parada para visitar a
biblioteca, que guarda manuscritos, provavelmente do século 9º,
do Novo Testamento, os chamados "books of kells".
No meio desse caminho, quase
na esquina da Grafton com a Suffolk, turistas fotografam a estátua
da heroína Molly Malone, que
empurra uma carroça. Não se sabe ao certo se Molly existiu, mas,
diz a lenda, essa vendedora de
moluscos, cujo nome é cantarolado animadamente em músicas de
pubs, teria sido uma prostituta.
Se o andejo seguir em linha semi-reta em direção ao rio, chegará à O'Connell Street. Vale desviar
para a esquerda e cruzar o outro
lado por uma das pontes de metal
(Liffey ou Millenium). Assim, dá
para averiguar a área do bochicho
noturno -região de Temple Bar.
Na O'Connell Street, as paradas
naturais são o correio central, conhecido por GPO. O prédio de
1818 foi o quartel-general do levante de nacionalistas em 1916,
pontapé para que a Irlanda se desvencilhasse do controle britânico
cinco anos depois. As lojas de departamento nessa rua e nas transversais têm preços mais em conta
do que as do outro lado do rio.
O James Joyce Center (leia mais
na pág. F4) fica mais à frente, numa das áreas com casas georgianas, mas com portas e prédios
não tão graciosos como os do outro lado do rio Liffey.
Para quem não gosta muito de
bater perna, a solução é tomar o
ônibus "Hop on-Hop off" (59 Upper O'Connell St.), num tour que
dura uma hora e meia e que faz
paradas em 19 atrações populares
de Dublin. A passagem custa 14
para adultos e 12 para estudantes. O passe vale para o dia todo e
dá desconto no ingresso para a
Guinness Storehouse e a destilaria
Old Jameson.
(MM)
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