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TRAGOS LETRADOS
Tour de táxi pela capital do Ulster, na Irlanda do Norte, expõe cisão entre católicos e protestantes
Mural em bairros de Belfast revela religião
DA ENVIADA ESPECIAL À IRLANDA DO NORTE
Os irlandeses do sul avisam que
não se deve falar de política nem
de religião na Irlanda do Norte.
Ufa, ainda sobra o futebol. A Província do Ulster -a Irlanda do
Norte- faz parte do Reino Unido
e foi palco de duros conflitos político-religiosos, afastando turistas
que poderiam aproveitar a ida à
República da Irlanda, no sul, e seguir viagem para o norte.
Desde o acordo de 1998 (leia ao
lado), Belfast, a capital da Irlanda
do Norte, está reaprendendo a levar uma vida mais calma. Com
uma população de 475 mil pessoas, a cidade fica num vale entre
o mar do Norte e a montanha.
Em comparação à República da
Irlanda, as ruas da capital da Irlanda do Norte são menos limpas
e conservadas. Os prédios têm estilo vitoriano, e as cores das paredes de estreitos becos que ligam
ruas são apagadas.
Os taxistas aproveitam a história, mesmo triste, que deixou
mais de 3.500 mortos durante os
anos de conflito, e fazem tours pelo oeste da cidade, onde fica o
bairro operário. Lá, a divisão geográfica entre católicos e protestantes torna-se clara.
Só não pegue os táxis pretos,
pois, dependendo da rua em que
você for tomá-los, os carros só circularão por um dos bairros.
"É uma terra de contradições",
diz o guia Ken McElroy. A contradição explica-se. Segundo McElroy, no centro de Belfast, católicos
e protestantes frequentam os
mesmos pubs e dividem a mesma
calçada sem qualquer separação.
Para reconhecer em que terreno
religioso e político está se pisando, deve-se dirigir o olhar para os
murais e não para as pessoas.
Nas primeiras pinturas, sabe-se
que a divisão começou. Próximo
à sede do Sinn Fein, braço político
do IRA (Exército Republicano Irlandês), os desenhos revelam
simpatia por outros movimentos
separatistas, como o grupo terrorista ETA, da Espanha.
Num outro mural aparece o
rosto de Bobby Sands, que participou de uma greve de fome nos
anos 80. Morto, ele se tornou um
dos heróis do IRA.
Na área de transição entre um
lado e outro, erguem-se muros e
cercas de metal. Há casas vazias.
Na mudança para o bairro protestante, os desenhos ganham rosas para indicar que fazem parte
do Reino Unido. Nos pintados
nas casas de operários, combatentes cobrem os rostos com máscaras pretas e metralhadoras. Os
inocentes mortos em conflito
também são homenageados com
retrato à mostra nas paredes.
Os mais belos murais são os que
deixam de retratar a violência.
Exaltam a cultura e a tradição celta. Sabe-se que o carro está do lado católico novamente.
(MARGARETE MAGALHÃES)
Tours de táxi - The Original Black Taxi Tours: tours@tobbtt.com; www.tobbtt.com; Belfast City Black Tours: www.allirelandtours.com.
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