São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2006

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BALBÚRDIA Y TORTILHAS

Semelhança entre capitais é evidente; paulistano invejará movimentação no museu de antropologia

Cidade do México é "hermana" de São Paulo

HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Imagine São Paulo elevada à enésima potência, com mais gente, mais trânsito e mais confusão. Mais ou menos, a Cidade do México é isso. Um paulistano identifica de cara as semelhanças entre a capital paulista e a mexicana.
Para que, portanto, encarar nove horas e meia de vôo para ir até lá? Pelos muitos museus, muito patrimônio conservado e uma cultura muito intrigante. Tudo aqui é muito.

Hermanos
A Cidade do México tem o seu parque Ibirapuera, o bosque de Chapultepec, também com lagos -aqui três-, também com museus -no caso, quatro. Tem a sua praça da Sé, o zócalo, cujo nome oficial é plaza de la Constitución, com a catedral metropolitana e o palácio do governo.
E muitos bairros são análogos aos daqui. Santa Fé lembra a Berrini; Polanco e Reforma, com prédios e casas de alto padrão em uma região arborizada e bastante policiada, parecem os Jardins daqui; o Centro, movimentado durante o dia e vazio à noite, também faz lembrar o nosso.

Pero no mucho
O paulistano vai, irremediavelmente, invejar o metrô, que tem 11 linhas e esquadrinha a cidade inteira a R$ 0,21 o bilhete. Invejará também o fato de o principal museu local, o Museu Nacional de Antropologia, borbulhar de visitantes locais e estrangeiros, expor todas as suas peças e estar cheio de estudantes desfrutando do patrimônio conservado e catalogado.
E perceberá que a cidade é menos verticalizada, que as ruas de lá não são cânions formados por prédios como as daqui -nesse caso, a causa não dá inveja: a cidade tem poucos prédios altos por causa dos terremotos.
Notará que os edifícios sendo construídos em bairros valorizados não têm aquela cara neoclássica que domina as fachadas daqui. Lá desenham linhas simples de concreto aparente em fachadas cheias de grandes janelas.
Por outro lado, o paulistano terá orgulho da parcela de motoristas que obedece aos semáforos e às faixas de pedestres -totalmente desprezados pelos mexicanos.

Mucho, sim
Passar uma semana nessa cidade significa abrir mão de conhecer muitas coisas. Para ver os museus, os sítios arqueológicos, os bairros, os mercados, as praças e afins, um mês seria pouco.
E o gosto do freguês dita a edição dos programas. Fãs de história não podem deixar de ir às pirâmides de Teotihuacán e ao Museu Nacional de Antropologia.
Fãs de comida não devem descartar o mercado de la Merced e precisam programar muitos lanchinhos por dia, para provar tamales, tacos al pastor, gorditas e outros antojitos (petiscos).
Fãs de cultura pop e kitsch não podem perder a lucha libre -luta livre com lutadores mascarados- e devem ir ao mercado da Sonora, ver os brinquedos e as piñatas, bonecos gigantes e ocos, usados em festas de aniversário.

E mais
Para além dos passeios, a Cidade do México é uma metrópole dessas que pulsam, com uma agenda cultural que sacia a vontade de cinema, teatro e shows. Uma programação de filmes mexicanos sempre está em cartaz em alguma sala da cidade. Espetáculos enormes acontecem no Auditório Nacional.
Pelas ruas, circulam turistas, um tanto de estrangeiros residentes, muitos executivos ao lado de indígenas com trajes tradicionais.
Nas calçadas, é comum tropeçar em homens tocando realejos, altares à Virgem de Guadalupe -onipresente no país bastante religioso- e portas de entrada de igrejas construídas há séculos.
Às vezes, no meio dessa confusão, é difícil saber para onde olhar. Nesse caso, a melhor coisa é achar um café, tomar uma água de jamaica -refresco feito com a flor do hibisco-, respirar fundo e voltar à confusão.


Heloisa Lupinacci viajou a convite da AeroMexico

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