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BALBÚRDIA Y TORTILHAS
Semelhança entre capitais é evidente; paulistano invejará movimentação no museu de antropologia
Cidade do México é "hermana" de São Paulo
HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO
Imagine São Paulo elevada à
enésima potência, com mais gente, mais trânsito e mais confusão.
Mais ou menos, a Cidade do México é isso. Um paulistano identifica de cara as semelhanças entre a
capital paulista e a mexicana.
Para que, portanto, encarar nove horas e meia de vôo para ir até
lá? Pelos muitos museus, muito
patrimônio conservado e uma
cultura muito intrigante. Tudo
aqui é muito.
Hermanos
A Cidade do México tem o seu
parque Ibirapuera, o bosque de
Chapultepec, também com lagos
-aqui três-, também com museus -no caso, quatro. Tem a sua
praça da Sé, o zócalo, cujo nome
oficial é plaza de la Constitución,
com a catedral metropolitana e o
palácio do governo.
E muitos bairros são análogos
aos daqui. Santa Fé lembra a Berrini; Polanco e Reforma, com prédios e casas de alto padrão em
uma região arborizada e bastante
policiada, parecem os Jardins daqui; o Centro, movimentado durante o dia e vazio à noite, também faz lembrar o nosso.
Pero no mucho
O paulistano vai, irremediavelmente, invejar o metrô, que tem
11 linhas e esquadrinha a cidade
inteira a R$ 0,21 o bilhete. Invejará também o fato
de o principal museu local, o Museu Nacional de Antropologia,
borbulhar de visitantes locais e estrangeiros, expor todas as suas
peças e estar cheio de estudantes
desfrutando do patrimônio conservado e catalogado.
E perceberá que a cidade é menos verticalizada, que as ruas de lá
não são cânions formados por
prédios como as daqui -nesse
caso, a causa não dá inveja: a cidade tem poucos prédios altos por
causa dos terremotos.
Notará que os edifícios sendo
construídos em bairros valorizados não têm aquela cara neoclássica que domina as fachadas daqui. Lá desenham linhas simples
de concreto aparente em fachadas
cheias de grandes janelas.
Por outro lado, o paulistano terá
orgulho da parcela de motoristas
que obedece aos semáforos e às
faixas de pedestres -totalmente
desprezados pelos mexicanos.
Mucho, sim
Passar uma semana nessa cidade significa abrir mão de conhecer muitas coisas. Para ver os museus, os sítios arqueológicos, os
bairros, os mercados, as praças e
afins, um mês seria pouco.
E o gosto do freguês dita a edição dos programas. Fãs de história não podem deixar de ir às pirâmides de Teotihuacán e ao Museu
Nacional de Antropologia.
Fãs de comida não devem descartar o mercado de la Merced e
precisam programar muitos lanchinhos por dia, para provar tamales, tacos al pastor, gorditas e
outros antojitos (petiscos).
Fãs de cultura pop e kitsch não
podem perder a lucha libre -luta
livre com lutadores mascarados- e devem ir ao mercado da
Sonora, ver os brinquedos e as piñatas, bonecos gigantes e ocos,
usados em festas de aniversário.
E mais
Para além dos passeios, a Cidade do México é uma metrópole
dessas que pulsam, com uma
agenda cultural que sacia a vontade de cinema, teatro e shows.
Uma programação de filmes mexicanos sempre está em cartaz em
alguma sala da cidade. Espetáculos enormes acontecem no Auditório Nacional.
Pelas ruas, circulam turistas, um
tanto de estrangeiros residentes,
muitos executivos ao lado de indígenas com trajes tradicionais.
Nas calçadas, é comum tropeçar
em homens tocando realejos, altares à Virgem de Guadalupe
-onipresente no país bastante
religioso- e portas de entrada de
igrejas construídas há séculos.
Às vezes, no meio dessa confusão, é difícil saber para onde
olhar. Nesse caso, a melhor coisa é
achar um café, tomar uma água
de jamaica -refresco feito com a
flor do hibisco-, respirar fundo e
voltar à confusão.
Heloisa Lupinacci viajou a convite da
AeroMexico
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