São Paulo, segunda, 9 de fevereiro de 1998

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MAIOR BARATO
Com gastos médios de US$ 350 por mês, você pode levar sua mochila para passear da Índia ao Vietnã
Visite a Ásia com o dinheiro da mesada

MICHEL GAWENDO
free-lance para a Folha

Viajar com uma mochila nas costas, carregando o mínimo necessário, é o jeito mais barato e interessante de conhecer a Ásia.
Com cerca de US$ 350 por mês é possível visitar atrações turísticas, conhecer a natureza exuberante e vivenciar a realidade da população em países com mentalidade e modo de vida totalmente diferentes dos encontrados no Ocidente.
Gastar pouco não significa abrir mão da comodidade. O que se deve deixar de lado é o luxo dos hotéis classificados por estrelas (o luxo, em geral, é igual em qualquer parte do mundo) e dos meios de transportes, excursões e restaurantes especiais para turistas.
Outros fatores tornam a viagem barata: a própria condição econômica da região e a sobrevalorização do real, por exemplo.
Para economizar com alimentação, saiba que a comida nos mercados ou em restaurantes locais, além de mais em conta, é original e inimitável.
Os mercados da Ásia oferecem refeições autênticas por menos de US$ 3, como os currys de coco com abacaxi na Tailândia, as sopas de noodles de arroz com vegetais, encontradas em quase todos os países, ou o palak paneer (creme de espinafre com queijo branco) na Índia.
É claro que são necessários cuidados com higiene. Primeira regra: evite consumir carne ou comida requentada.
Alguns se arriscam e experimentam iguarias locais, como carne de cachorro no Vietnã, besouros no Camboja, gafanhotos e ratos no Laos e ovos de pato com embrião formado na Tailândia.
Hospedagem econômica é o que não falta. Em quase todos os pontos há pousadas especiais para mochileiros. Onde não existem pousadas ou hotéis, como em aldeias no norte do Laos, famílias recebem turistas para pernoitar.
Clima e transporte
O clima no Sudeste Asiático é tropical. Durante os períodos de chuvas, diferentes em cada país, fica mais difícil viajar. Por isso é aconselhável consultar mapas das estações antes de partir.
Se você estiver disposto a viajar da mesma maneira e nas mesmas condições vivenciadas pelos moradores locais, a economia com transporte também está garantida.
E, além de conservar seu dinheiro, você pode fazer amizades se locomovendo entre os locais.
Numa viagem longa na segunda classe dos trens da Índia, por exemplo, é praticamente impossível ficar sozinho. Sempre aparece alguém interessado na sua origem e nos motivos da sua viagem.
Em contrapartida, você pode ir extraindo do seu companheiro de viagem informações sobre templos, praias, desertos, montanhas, além da atração principal, o Taj Mahal, uma das maravilhas do mundo antigo.
Você visita isso tudo gastando pouco mais de US$ 10, quantia suficiente para viver um dia na Índia.
Viajar por terra também ajuda a economizar e a conhecer a natureza dos países.
No Laos, por exemplo, as viagens de caminhão ou picape são demoradas e cansativas, mas compensam pelo visual de florestas virgens e de tribos que só nos últimos quatro anos começaram a ter contato com ocidentais.
Em Phnom Penh, capital do Camboja, com cerca de US$ 12 por dia é possível se hospedar em pousadas à beira do lago Boeng Kok (com vista privilegiada do pôr-do-sol), conhecer museus e palácios e provar a comida local.
O país tem a honra de abrigar o complexo de templos gigantes Angkor Wat, construídos em pedra há quase 700 anos, numa época em que a civilização khmer era a mais evoluída da região.
Caldeirão
A Tailândia oferece ilhas paradisíacas, templos e estrutura turística avançada. O país pode ser visitado com US$ 15 por dia.
O Nepal abriga o monte mais famoso do mundo, o Everest, parte da cordilheira do Himalaia.
Um trekking de 12 dias até o Annapurna Base Camp não exige equipamento profissional e pode ser feito por quem tem um mínimo de preparo físico e vontade. Hospedagem e alimentação na montanha exigem US$ 5 por dia.
O esforço vale a pena. São seis dias de caminhada entre vales, plantações de arroz em degrau e aldeias. No topo, o turista fica num "caldeirão", a 4,2 mil metros de altura, cercado pelos Annapurnas, com quase 8.000 metros.
O Vietnã oferece praias tropicais como Nha Trang, onde uma massagem à beira-mar custa US$ 2.
Também podem ser visitados resquícios da guerra, como os túneis e as armadilhas usadas pelos vietcongues contra os norte-americanos nas décadas de 60 e 70, na região do delta do rio Mekong.
Os preços e condições dos lugares podem variar. A solução é pedir dicas a outros mochileiros (também chamados de "backpackers"). Tem sempre alguém vindo de onde você ainda vai e indo para onde você já foi.



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