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BIORRITMO RIBEIRINHO
Nos dias 28, 29 e 30 de junho, animais vermelho e azul disputam o trono em festival no Norte do país
Cizânia entre bois divide
Parintins ao meio
MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL A PARINTINS (AM)
Uma surpresa caprichosamente garantida. Essa é a sensação que
o turista guarda depois de conviver três dias com os bois rivais,
chamados de Caprichoso e de Garantido, reverenciados no festival
de Parintins -que acontece
anualmente em 28, 29 e 30 de junho- , a maior ilha fluvial do Estado, a 420 km de Manaus.
A aclimatação com a festa popular e com os bois vem aos poucos. Princípio básico é que o Caprichoso associa-se à cor azul, e o
Garantido, à vermelha.
Mas a cidade e os moradores se
encarregam da tarefa de lembrar
o turista de dar o nome correto
aos bois. Tomada pelas duas cores, não há um canto da ilha que
não tenha cartazes com a figura
dos animais (branco de coração
vermelho ou preto com uma estrela azul na testa).
Pintadas de uma cor ou de outra, as portas das casas e os adornos, que ligam um poste ao outro
da rua, identificam por qual dos
bois o coração daquele lar ou daquela vizinhança bate mais forte.
É comum ver mulheres com
unhas pintadas da cor que remete
ao boi, homens usando lenços e
camisetas com o querido animal
estampado. Pode parecer um exagero, mas até o orelhão contempla os falantes Garantidos e Caprichosos.
Num passeio de triciclo -cujo
condutor pedala uma bicicleta, levando o turista, que se ajeita como um carregamento na parte da
frente-, é possível conhecer a
ilha e saber que a cidade é dividida. Na parte de baixo, moram
muitos Caprichosos. Na de cima,
concentram-se os Garantidos.
A rixa entre os dois bois é como
aquela apimentada relação entre
torcedores num clássico entre Corinthians e São Paulo ou entre Flamengo e Fluminense. A partida,
ou melhor, a festa, é comemorada
à noite dentro de um "estádio",
ou melhor, do bumbódromo.
Margarete Magalhães viajou a convite
da Coca-Cola
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