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Festival exalta lendas amazônicas
DA ENVIADA ESPECIAL
Nem Carnaval, nem teatro,
nem rodeio, nem musical da
Broadway, nem ópera. Embora
tente-se buscar uma referência
para ajudar a compreender o que
se passa por lá, o festival de Parintins é um espetáculo único, com
um pouco de tudo, e, ao mesmo
tempo, com sua própria cara.
A festa congrega carros alegóricos, índios, lendas amazônicas,
toadas, bateria e dramatização.
Tudo numa arena com capacidade para 35 mil visitantes. Vale
lembrar que a população da ilha,
de 50 mil habitantes, duplica durante os dias de festa.
A farra do boi ganha vida com
os cerca de 3.000 brincantes do
Garantido e 4.500 do Caprichoso,
que fazem a performance durante
seis horas no total. Cada um dos
bois apresenta-se por três horas
ininterruptas.
A torcida, ou melhor, a galera
(leia acima), separada ao meio,
não pode dar um pio enquanto o
contrário (boi rival) se apresenta.
Qualquer manifestação pode fazer o boi perder pontos.
Vinte e dois itens são avaliados
pelos jurados nos três dias de festival. Um deles é a toada, a música
que embala o povaréu. Neste ano
serão 20 toadas (letras diferentes)
em cada lado.
O refrão mais famoso, cantarolado e divulgado para além da região Norte na voz de Fafá de Belém ("Meu coração é vermelho, ei,
ei, ei. De vermelho vive o coração..."), nasceu no festival de Parintins e agita a galera quando entoado no vozeirão do levantador
de toada David Assayag.
A festa se agarra à cultura amazônica e a lendas contadas, como
a do Boto ou a da Cobra-Grande.
Em alguns momentos, o apresentador introduz os próximos passos. As lendas amazônicas e os rituais indígenas variam de um dia
para o outro, mas há personagens
que, obrigatoriamente, aparecem
em todas as noites.
Assim como a rainha da bateria
e a porta-estandarte no Carnaval,
no festival de Parintins, o lugar de
destaque cabe à Mãe Catirina, ao
Pai Francisco, à Sinhazinha da Fazenda, à Cunhã-Poranga, ao Pajé
e, claro, aos bois (leia mais acima),
que dançam pela arena sob o som
de batuques.
Depois de três dias, uma coisa é
certa, o coração vai avermelhar ou
azular. Uma solução diplomática,
como a do carnavalesco Joãosinho Trinta (leia na pág. F8), é tornar-se um Garranchoso.
(MM)
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