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São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 2003

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AMBIENTE MARINHO

Quantidade crescente de navios na ilha do sul da Flórida ameaça pesca e qualidade da água do mar

Key West quer limitar número de navios

Marc Serota - 5.nov.2001/Reuters
Pescador de Key West, ilha dos EUA que deve receber neste ano 970 mil passageiros de 525 navios


DA REUTERS

Ameaçada por uma avalanche de cruzeiros, a ilha e cidade de Key West, no sul da Flórida, estuda a possibilidade de criar restrições a esse tipo de viagem. As autoridades locais, pressionadas por moradores, ambientalistas e hoteleiros, avaliam o provável impacto que essas restrições provocariam na cidade.
Os pescadores de Key West argumentam que o fluxo de grandes navios perto da terceira maior barreira de corais do mundo provoca danos aos recursos de pesca. Os ambientalistas também acreditam ser necessário ampliar as normas ambientais.
Key West não está sozinha no assunto. Nos últimos anos, ilhas caribenhas próximas têm debatido temas relacionados à qualidade de vida e à capacidade de atrair turistas, mas como hóspedes.
Desde 1993, o governo norte-americano multou dez empresas de cruzeiro em mais de US$ 48,5 milhões por depósito de lixo ilegal e contaminação das águas do mar. No ano passado, a Carnival Corporation foi multada em US$ 18 milhões por falsificar dados, encobrindo o vazamento de óleo em águas norte-americanas.
Pouco tem sido feito para limpar as águas das "keys" (ilhotas de coral) da Flórida, apesar de o grupo de conservação ambiental de Key West ter recebido US$ 250 mil para um programa de águas regional. O prefeito de Key West, Jimmy Weekley, espera lançar um estudo sobre o impacto da indústria do turismo na qualidade de vida dos moradores. Sem os cruzeiros, os impostos de propriedade em Key West podem ter um aumento de 23%.
A cidade, que tem 26 mil habitantes, recebe cerca de US$ 2,5 milhões em receita de impostos dessa indústria, como a taxa portuária de US$ 8 paga por cada passageiro que ali desembarca.
Mais de 970 mil passageiros de 525 navios devem desembarcar em Key West neste ano fiscal, que acaba em setembro -um aumento de 42 mil passageiros se comparado ao ano anterior.
"No último ano, vimos um aumento do número de cruzeiros", diz Weekley. "Às vezes, a cidade é um pouco mais dependente de cruzeiros do que precisaria ser."
Num dia mais movimentado, cerca de 6.000 passageiros dirigem-se ao distrito histórico de Key West e à Duval Street, conhecida por abrigar clubs, restaurantes e lojas de roupas e jóias. Segundo estimativas de autoridades locais, em média, cada passageiro que desembarca na ilha gasta de US$ 50 a US$ 100. Só em dezembro, a cidade recebeu 123.200 passageiros de 78 navios.
A quantidade de cruzeiros está crescendo em Key West por causa da sua localização, a 257 km ao sul do porto de Miami, o que faz da cidade uma parada conveniente para itinerários de embarcações que navegam pelo oeste do Caribe em viagens de três a cinco dias.
Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, muitos passageiros norte-americanos estão fazendo viagens mais curtas e mais próximas de suas residências.
A Associação Internacional de Empresas de Cruzeiros estima que, neste ano, 8 milhões de norte-americanos viajem de navio, contra 7,4 milhões em 2002.
"Key West trabalha bem", afirma Jennifer de la Cruz, da Carnival Cruise Lines, que duas vezes por semana tem algum navio aportando ali. "E os turistas podem caminhar com facilidade na maior parte da cidade."



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