São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007 |
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entrevista "Turismo interno ajuda o internacional"
TENDÊNCIA Pa ra Rabahy, da Fipe/USP, investir em um mercado doméstico forte fomenta a vinda de viajantes estrangeiros Turismo doméstico "Fizemos pesquisas para conhecer melhor o perfil do turismo doméstico no Brasil. O conceito de turismo sustentado, aquele que se auto-alimenta, é, defendo, o adequado para o país. Em geral, é comum que o observador se atenha a dados do turismo internacional para avaliar se uma região tem -ou não- possibilidades turísticas. Mas defendo um argumento diferente: o turismo doméstico é a base para fazer ocorrer o internacional. Para ter escala e para manter atrações turísticas, é preciso que haja um mercado interno que dê a sustentação necessária. Isso alavanca o sucesso também no turismo internacional e possibilita atrair investimentos. Qualquer país que tem espaço, território aproveitável do ponto de vista do turismo e, também, população com renda, precisa explorar o turismo interno. As viagens internacionais vêm a seguir, são conseqüência." EUA e países europeus "O turismo interno nos EUA é fortíssimo. Eles são o principal país em termos de receita mundial com o turismo, mas não são o primeiro em termos de número de turistas. A França, que tem o maior número de visitantes/ano no mundo, em contrapartida não é o que tem mais receita. Quem vai aos EUA, em geral viaja mais e, portanto, acaba gastando mais nas suas viagens. O europeu que cruza uma fronteira tende a gastar menos no deslocamento, a ficar menos tempo e, também, a gastar menos dinheiro no país visitado." Viajando em números "Fizemos estudos e verificamos que o turista estrangeiro gasta aqui no Brasil entre quatro e cinco vezes mais que o brasileiro em suas viagens no país. Mas o volume de brasileiros em relação ao estrangeiro é tão maior! O turismo interno, no Brasil, gera, nas nossas estimativas, dez vezes mais renda que o turismo internacional. Cerca de 43 milhões de indivíduos, de população urbana (cerca de 30% da população das grandes cidades), fazem turismo interno no país. Esse pessoal viaja mais de uma vez por ano, aliás mais de três, o que resulta em cerca de 150 milhões de viagens. Isso precisa ser comparado com os 5 milhões de turistas estrangeiros que visitam o Brasil. Aí, por viagem, per capita, é preciso levar em consideração que os viajantes estrangeiros gastam por estada estimados US$ 800/US$ 1.000. Já os brasileiros gastam cerca de US$ 100/US$ 200. Ainda assim, dá para concluir que o turismo interno é umas seis ou sete vezes mais rentável que o do viajante internacional." Regularidade "A tese que defendo é de que um turismo interno bastante forte, seja em resorts ou em navios, por exemplo, resulta numa base de regularidade que ajuda na qualidade dos serviços e, portanto, acaba fomentando o turismo internacional." Distâncias encurtam Assim como no turismo doméstico 70% das viagens acontecem dentro de uma mesma região, em número de viagens -não em gastos-, é preciso ver que o Brasil fica relativamente distante dos grandes centros emissores de turistas internacionais. Em âmbito mundial, 70% das viagens acontecem dentro da própria Europa. Isso quer dizer que 14 países respondem, sempre em número de deslocamentos, por 68% das viagens do mundo. Assim, tradicionalmente, os habitantes dos países mais desenvolvidos vão para os países também desenvolvidos." A chance do Brasil "Qual é a novidade? Inclusive no Brasil, em cada década, aumenta o número de turistas que enfrenta viagens mais longas. Podemos dizer que aí está a chance do Brasil, nessa margem, onde entram países como a Tunísia. Precisamos, como país, avançar nesse espaço. Há hoje aviões maiores e mais rápidos, mais vôos, as pessoas estão indo mais longe. Outra coisa: os destinos internacionais tendem a se esgotar. Nossas perspectivas são boas, ainda que recebamos apenas cinco milhões de turistas estrangeiros anualmente." Texto Anterior: Butão quer frear aumento do número de turistas Próximo Texto: Só para gringos: Roteiro mescla agitação de SP e calmaria baiana Índice |
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