São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Butão quer frear aumento do número de turistas

Vizinho da Índia que conserva cultura milenar até hoje tenta resistir à globalização e aos mochileiros

DA REUTERS

No íntimo santuário de um velho forte branco, dúzias de monges vestidos com capas vermelhas rezam sob a luz de um lampião enquanto o incenso queima. Um punhado de turistas se mistura a eles.
Com uma voz rouca profunda, os monges mais velhos recitavam as antigas escrituras budistas. O reino himalaia de Butão vende-se como um destino turístico de "alto valor e baixo volume" excluindo conscientemente mochileiros como os que vão à vizinha Índia.
A intenção é atrair visitantes que gastem ao menos US$ 200 por dia na alta temporada. Estrelas de Hollywood, como Uma Thurman e Cameron Diaz, freqüentam os hotéis-butique de Butão, mas são grupos de americanos mais velhos que os visitantes costumam encontrar por ali.
O país, que até 1999 não aceitava turistas, corre o perigo de se tornar vítima de seu próprio sucesso. "Devemos dar uma pequena freada nesse crescimento", afirma Thuji Dorji Nadik, diretor adjunto no Departamento de Turismo.

A última Shangri-La
Espremido entre a Índia e o Tibete, o Butão é anunciado nas revistas de turismo como "A Última Shangri-La", o paraíso místico do livro "Horizonte Perdido", de James Hilton. E ele, de fato, conserva o clima do mundo medieval do budismo.
O Butão começou de forma bastante lenta a sua modernização e abertura para o mundo. Para ter uma idéia de a quantas andou o desenvolvimento por lá, o primeiro carro chegou em 1961 e o primeiro canal de televisão foi inaugurado em 1999. Hoje, Shakira domina as danceterias da capital Thimpu.
Mudanças ainda mais drásticas estão no horizonte enquanto o país planeja suas primeiras eleições democráticas, que devem acontecer no ano que vem. Em 2006, mais de 17 mil turistas foram para a também chamada de "Terra do Dragão Trovejante". O número representa um salto de 27% sobre o ano anterior e aproximadamente três vezes a quantidade de pessoas que foi ao país em 2003. Sem contar os 40 mil indianos, que não precisam de visto.
A maior parte dos turistas vai até os monastérios e aos fortes e mosteiros budistas que dominam todo o distrito à espera dos exóticos festivais religiosos que duram dias durante a primavera e o outono. Outro roteiro é a viagem ao alto do Himalaia, para ver os 7.314 metros do Mount Chomolhari.
Os butaneses acreditam que os cumes são uma espécie de casas dos deuses e se orgulham em ter a montanha ainda não escalada mais alta do mundo. Trata-se da Gangkar Puensum, com 7.570 metros.


Texto Anterior: Internacional: Ushuaia, a "cidade no fim do mundo", transborda de navios
Próximo Texto: Entrevista: "Turismo interno ajuda o internacional"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.