São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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internacional

Museu foca alemães que ajudaram judeus

EM BERLIM Local alude a cidadãos que abrigaram perseguid os pelo nazismo

DA ASSOCIATED PRESS

Barbara Preusch lembra vivamente o dia em que os nazistas vasculharam sua casa em Berlim à procura de judeus escondidos -e saíram sem encontrar a mãe e a filha que a sua família estava abrigando.
Com 76 anos e vivendo na mesma casa, agora ela lidera a visita ao claustrofóbico espaço onde Rachela e Jenny Schipper ficaram entre 1943 e 1945.
"Os nazistas suspeitavam de nós, mas nunca encontraram o esconderijo", disse Preusch, uma mulher com ar severo, óculos e cabelo grisalho. "Eles apenas pegaram nossas maçãs e cigarros", conta.
Hoje, 62 anos após o final da Segunda Guerra Mundial, no dia 8 de maio de 1945, pessoas como ela -uma adolescente quando sua avó ajudou os judeus fugitivos- estão sendo honradas com um museu.
O museu "Heróis Silenciosos" tem previsão de abertura para 2008, em uma velha construção no centro de Berlim.
O local focará tanto os resgatadores como os sobreviventes, com apresentações multimídia e documentos com testemunhos que revelam as motivações e os perigos encarados pelos protetores. "Um de nossos vizinhos era um nazista entusiasmado que observava constantemente a nossa casa com binóculos", disse Preusch. "Mas ele nunca viu Rachela e Jenny porque mantínhamos as cortinas fechadas dia e noite."
Cerca de 1.700 judeus sobreviveram em Berlim, e entre 20 mil e 30 mil alemães não-judeus ajudaram a escondê-los, diz o historiador Johannes Tuchel, à frente do memorial de resistência alemã do museu.
Foram múltiplas as motivações dos alemães que ajudaram os judeus, disse Tuchel: "Nós não podemos traçar um perfil típico: alguns eram trabalhadores, alguns eram acadêmicos ou devotos do cristianismo e outros ajudaram espontaneamente ou por razões políticas."
"O número de resgatadores de Berlim pode soar impressionante à primeira vista. Mas, comparados aos 4 milhões que viveram na cidade naquele tempo e não ajudaram, 20 mil não é muito", acrescentou o historiador.


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