São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Visitantes em Cuba dizem ter boa sorte

Vontade de ver regime comunista atrai turistas

DA FRANCE PRESSE

Atraídos pela curiosidade de conhecer como se vive no único regime comunista do Ocidente, os turistas que visitam Cuba sob o governo interino de Raúl Castro continuam fotografando as ruas de Havana, como se nada estivesse acontecendo e acreditando ter sorte por estar em Cuba neste momento histórico, justamente quando, devido à doença do ditador Fidel Castro, o poder foi transferido provisoriamente ao irmão.
"Queria conhecer como se vive debaixo do último regime comunista do mundo", disse o francês Birri Patrick, professor de economia em Lyon, enquanto desfrutava do café da manhã no pórtico do hotel Park View, muito perto do centro histórico da capital cubana. De férias, Patrick desembarcou em Havana na semana passada com a família, mas disse que o interesse em visitar Cuba vai além disso.
"Como um homem que estudou o marxismo e o leninismo, eu sentia a necessidade de ver o que acontece em Cuba e creio que escolhi um bom momento. Vejo um povo nacionalista e culto, mas economicamente o país não está bem. Cuba precisa de investimento privado."
Não se sabe se o grave problema de saúde de Castro pode afetar o turismo, considerado o propulsor da economia cubana, com crescimento previsto de 7,7% para 2006 -contra 13,2% em 2005- e a entrada de 2,5 milhões de turistas neste ano, segundo dados oficiais.
Embora a doença de Castro e as reações dos cubanos no exílio, em Miami e Washington, tenham colocado Cuba em "pé de guerra" -o país se declarou "preparado para enfrentar uma agressão militar direta" dos EUA-, nas ruas de Havana reina a tranqüilidade, e os cubanos continuam a rotina, trabalhando, enquanto os estudantes ainda aproveitam as férias.
Vários grupos de turistas italianos, alemães, franceses e espanhóis passeavam normalmente pelo Malecón, comprando camisetas e bonés com o símbolo da revolução.
"No começo, ficamos com um pouco de medo. Pensamos que algo poderia acontecer na ilha, mas, mesmo assim, decidimos vir", disse o casal de turistas espanhóis Encarnación Guijarro e Antonio Ortoño.
"Gostamos de Cuba e de sua gente e temos a sorte de estar em Havana em dias históricos", disse Guijarro.
"Estamos surpresos de ver como os cubanos defendem a sua revolução. Vimos na televisão os atos [de reafirmação revolucionária] que organizam e conversamos com alguns cubanos na rua", disse a italiana Claudia Ferrari.


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