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UM LUGAR AO SUL
Dos anos 90 para cá, os preços disparam
Terreno em Jurerê custava US$ 7 mil, valor que banca seis dias de alguns aluguéis locais agora em janeiro
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTA CATARINA
Havia duas roubadas a se evitar na Florianópolis da metade
da década de 90: a fila da ponte
Pedro Ivo Campos, no sentido
continente-ilha, às 8h, e a da
ponte Colombo Salles, no sentido ilha-continente, às 18h.
Hoje, a lista de perrengues se
estende um pouco.
As estradas que serpenteiam
o morro da Lagoa da Conceição
e o morro da praia Brava oferecem vistas fantásticas, é verdade. Mas andam apinhadas como a 23 de Maio, em São Paulo
-e na virada do ano e começo
de janeiro, mais apinhadas que
nunca justamente por causa do
fluxo menor na 23 de Maio.
Placas de diversos Estados já
se enfileiram até mesmo ali pelas 6h30 na via Expressa, que
conecta Florianópolis a São José, cidade vizinha. O ano todo.
E há obras como a do elevado
no Itacorubi, perto da SC-401,
rodovia que leva à parte norte
da ilha, que não ficaram prontas até o verão e estão interrompidas para não atrapalhar o
fluxo de veículos.
Há pouco mais de dez anos
havia, na hoje megamilionária
praia de Jurerê, terrenos por
cerca de US$ 7 mil, valor com
que se paga seis diárias de aluguel em algumas casas locais na
virada do ano, atualmente. nos
lounges de Jurerê, na areia, ingressos masculinos para o último Réveillon estavam custando em torno de R$ 400.
No morro da Cruz, no centro,
já conviviam parte dos grupos
de maior e menor renda da cidade, mas depois se tornou
possível pedir uma pizza e não
ser atendido -as telentregas
preferem não subir certas ruas
do morro por causa da violência ligada ao tráfico de drogas.
Outro porém é o sistema de
esgoto local, que se reverte em
poluição das águas do Ribeirão
da Ilha, onde há cultivo de ostras, por exemplo. A assessoria
de imprensa da prefeitura de
Florianópolis cita a inauguração de sistemas de esgoto na
Barra da Lagoa e na Lagoa da
Conceição e diz ter como meta,
até o final de 2008, 80% da rede
de que a cidade necessita.
Pulsação
Os serviços melhoram, no
entanto. A ilha sempre foi notória por funcionar em uma pulsação diferente da de outras capitais: restaurantes que não
abrem para o almoço, nas
praias, e telentregas que fecham à meia-noite não eram, e
fora da alta temporada às vezes
ainda não são, piada na cidade.
Aumentam os shows e as opções noturnas, melhoram as
padarias e os restaurantes e se
diversificam as alternativas de
compra -além de lojas e mini-shoppings, foi inaugurado recentemente o Floripa Shopping, no caminho para as praias
do norte. E o shopping Iguatemi, no bairro do Santa Mônica,
próximo à Universidade Federal de Santa Catarina, tem sua
abertura marcada para março,
Na UFSC, aliás, alunos não-catarinenses somaram 26,9%
dos aprovados em 2000, número que subiu para 32,5% no ano
passado. Os paulistas eram
9,4% e passaram a ser 15,2%. É
a oportunidade de estudar de
graça em uma universidade
com diversos cursos bem conceituados e de morar na ilha e
longe dos pais. Trabalhar nos
shoppings é outra alternativa
adotadas pelos jovens que querem aderir à Floripa.
Embora muitos manezinhos
se mostrem contrariados com o
crescimento e com a nova pulsação (em boa parte impulsionada pelas exigências de paulistanos), há misturado aí o orgulho de já morar há mais tempo,
de estar enraizado na cidade
que se tornou um totem entre
as melhores do país para se viver atualmente.
(THIAGO MOMM)
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