São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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UM LUGAR AO SUL

Dos anos 90 para cá, os preços disparam

Terreno em Jurerê custava US$ 7 mil, valor que banca seis dias de alguns aluguéis locais agora em janeiro

DO ENVIADO ESPECIAL A SANTA CATARINA

Havia duas roubadas a se evitar na Florianópolis da metade da década de 90: a fila da ponte Pedro Ivo Campos, no sentido continente-ilha, às 8h, e a da ponte Colombo Salles, no sentido ilha-continente, às 18h. Hoje, a lista de perrengues se estende um pouco.
As estradas que serpenteiam o morro da Lagoa da Conceição e o morro da praia Brava oferecem vistas fantásticas, é verdade. Mas andam apinhadas como a 23 de Maio, em São Paulo -e na virada do ano e começo de janeiro, mais apinhadas que nunca justamente por causa do fluxo menor na 23 de Maio.
Placas de diversos Estados já se enfileiram até mesmo ali pelas 6h30 na via Expressa, que conecta Florianópolis a São José, cidade vizinha. O ano todo. E há obras como a do elevado no Itacorubi, perto da SC-401, rodovia que leva à parte norte da ilha, que não ficaram prontas até o verão e estão interrompidas para não atrapalhar o fluxo de veículos.
Há pouco mais de dez anos havia, na hoje megamilionária praia de Jurerê, terrenos por cerca de US$ 7 mil, valor com que se paga seis diárias de aluguel em algumas casas locais na virada do ano, atualmente. nos lounges de Jurerê, na areia, ingressos masculinos para o último Réveillon estavam custando em torno de R$ 400.
No morro da Cruz, no centro, já conviviam parte dos grupos de maior e menor renda da cidade, mas depois se tornou possível pedir uma pizza e não ser atendido -as telentregas preferem não subir certas ruas do morro por causa da violência ligada ao tráfico de drogas.
Outro porém é o sistema de esgoto local, que se reverte em poluição das águas do Ribeirão da Ilha, onde há cultivo de ostras, por exemplo. A assessoria de imprensa da prefeitura de Florianópolis cita a inauguração de sistemas de esgoto na Barra da Lagoa e na Lagoa da Conceição e diz ter como meta, até o final de 2008, 80% da rede de que a cidade necessita.

Pulsação
Os serviços melhoram, no entanto. A ilha sempre foi notória por funcionar em uma pulsação diferente da de outras capitais: restaurantes que não abrem para o almoço, nas praias, e telentregas que fecham à meia-noite não eram, e fora da alta temporada às vezes ainda não são, piada na cidade.
Aumentam os shows e as opções noturnas, melhoram as padarias e os restaurantes e se diversificam as alternativas de compra -além de lojas e mini-shoppings, foi inaugurado recentemente o Floripa Shopping, no caminho para as praias do norte. E o shopping Iguatemi, no bairro do Santa Mônica, próximo à Universidade Federal de Santa Catarina, tem sua abertura marcada para março,
Na UFSC, aliás, alunos não-catarinenses somaram 26,9% dos aprovados em 2000, número que subiu para 32,5% no ano passado. Os paulistas eram 9,4% e passaram a ser 15,2%. É a oportunidade de estudar de graça em uma universidade com diversos cursos bem conceituados e de morar na ilha e longe dos pais. Trabalhar nos shoppings é outra alternativa adotadas pelos jovens que querem aderir à Floripa.
Embora muitos manezinhos se mostrem contrariados com o crescimento e com a nova pulsação (em boa parte impulsionada pelas exigências de paulistanos), há misturado aí o orgulho de já morar há mais tempo, de estar enraizado na cidade que se tornou um totem entre as melhores do país para se viver atualmente.
(THIAGO MOMM)


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