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Gastos e insegurança levam a discussão sobre papel do Exército
DO ENVIADO ESPECIAL
Os suíços discutiram, no final
do ano passado, uma proposta
para pôr fim ao Exército. Tanto os
que votaram a favor quanto os
que se manifestaram contra a
proposta de eliminação do Exército declararam que os atentados
contra o World Trade Center, em
Nova York, e contra o Pentágono,
nos arredores de Washington, em
11 de setembro do ano passado,
aumentaram a sensação de insegurança no país.
O aeroporto de Zurique (um
dos cinco internacionais que existem na Suíça) teve sua segurança
reforçada nos últimos meses.
Atualmente, vêem-se submetralhadoras no local.
Embora o país não tenha sofrido nenhum ataque nos últimos
séculos, todos os homens devem
passar por um treinamento militar anual. A Suíça se declarou
neutra em 1515, e sua última batalha contra uma potência estrangeira foi em 1798, quando Napoleão a invadiu.
O país, que conservou uma certa neutralidade durante as duas
grandes guerras mundiais, não é
membro nem da Organização das
Nações Unidas nem da Otan
(aliança militar ocidental).
Os que se opõem à manutenção
do Exército afirmam que é dispendioso demais e que o governo
não tem nenhuma estratégia para
reduzir os custos no médio prazo.
Por volta de US$ 5,4 bilhões são
gastos anualmente com o Exército -um quinto do Orçamento.
Além disso, afirmam que não há
necessidade de manter um Exército porque a Suíça está rodeada
de países da União Européia. "Nenhuma potência militar nos
ameaça... Contra quem as pessoas
supõem que nós nos defenderemos? A União Européia? A
Otan?", dizem. A iniciativa (rejeitada) propunha incluir na Constituição federal a frase "A Suíça não
tem Exército" e o conceito de que
a segurança nacional se constrói
com a redução das "injustiças que
provocam conflitos" em várias
partes do mundo.
"A insegurança provocada pelos ataques de 11 de setembro dificultou uma discussão mais racional da política de defesa", disse Jo
Lang, porta-voz da coalizão Suíça
sem Exército.
Já para o ministro da Defesa da
Suíça, Samuel Schmid, o resultado foi um "voto em prol da segurança e contra a aventura". Na
opinião de Schmid, "a eliminação
do Exército suíço não teria feito
nada por um mundo mais seguro,
mas definitivamente teria deixado a Suíça menos segura".
Em documento oficial, o governo incentivou os votantes a rechaçar a proposta. "Para garantir o
direito de vida em um país onde
reinam a paz, a liberdade e a independência, a Suíça deve estar em
condições de rejeitar um ataque
militar", dizia o documento suíço.
Democracia direta
Segundo uma lei suíça, qualquer
cidadão tem o direito de convocar
um referendo caso colete ao menos 100 mil assinaturas de respaldo. Foi o que permitiu a discussão
da proposta -apresentada antes
dos atentados nos EUA.
Mas, para haver uma eventual
implementação, todas as resoluções têm de ser aprovadas pela
maioria dos 26 Cantões suíços e
por uma maioria absoluta de eleitores. Desde 1980, das 66 resoluções apresentadas por pessoas
sem ligação com o governo para
referendo, apenas cinco foram
aprovadas.
(PDF)
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