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MUSEUS HELVÉCIOS
Nazistas taxaram de "arte degenerada" a obra do pintor que viveu na Suíça de 1917 até a sua morte, em 1938
Kirchner legou à pintura cores dramáticas
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
A história da arte não fez a devida justiça à obra de Ernst Ludwig
Kirchner (1880-1938), pintor que,
radicado na Suíça, legou à pintura
óleos de formas rudes -e cores
tão estranhas quanto vibrantes.
Nascido na Alemanha, Kirchner legou ao mundo uma pintura
tortuosa, difícil de classificar. Talvez por isso tenha sido execrado
pelo regime nazista.
Inicialmente, participou de um
movimento artístico batizado de
Die Brüecke (ou A Ponte). Mas
sua obra, que pelas cores se associa ao fauvismo e cuja solidão
lembra o expressionismo nórdico
de Edvard Munch, faz, de fato,
uma ponte entre o que de mais
visceral aconteceu nas artes plásticas no período entreguerras.
Dentro do grupo Die Brüecke,
Kirchner rivalizava com Erich
Heckel (e há quem diga que ambos antecipavam a data de suas
obras para parecerem ainda mais
inovadores).
Atrás de mudanças, Kirchner
morou em Dresden, a partir de
1905, e, em 1911, passou a viver em
Berlim, duas das maiores metrópoles culturais alemãs.
Na Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), o pintor virou soldado -e acabou por sucumbir ao
estresse e à tuberculose, mudando, em 1917, para a Suíça, famosa
por seus sanatórios.
E foi lá que a sua arte deitou raízes, sofrendo ainda influências da
obra de gênios tão díspares como
Pablo Picasso, Vincent van Gogh
e Paul Gauguin.
O curioso é que mesmo as paisagens invernais mais helvécias
assumem, na pintura viva e angulosa de Kirchner, cores berrantes,
estranhas, quase improváveis.
Opositores da invenção artística, adeptos de uma padronização
que seria clássica, se não fosse mecânica, em 1937 os nazistas organizaram em Munique uma exposição para criticar o que chamaram de "arte degenerada".
Kirchner, que não cabia na forma cinzenta dos tempos de
chumbo que se enunciavam, cometeu suicídio um ano depois,
em 1938, na localidade de Fauenkisch, nos arredores de Davos.
A Segunda Guerra (1939-1945)
eclodiu e a Suíça permaneceu
neutra durante o conflito.
Talvez neutra demais para projetar a obra desse pintor que, desprezado pelos nazistas, ainda não
foi devidamente reconhecido.
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