São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2002

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Filosofia, arte e os Alpes compõem acervos culturais

DO ENVIADO ESPECIAL À SUÍÇA

Museus e concertos garantem boas opções ao turista que não prescinde de atividades culturais em meio a estações de esqui.
A cidade de Davos, por exemplo, com cerca de 13 mil habitantes, tem seis museus. O mais importante é o Museu Kirchner (Promenade 82, Davos Platz, site www.kirchnermuseum.ch, tel. local 81/413-2202). O pintor alemão Ernst Ludwig Kirchner viveu na cidade por duas décadas, a princípio por recomendação médica e para tentar recuperar-se das drogas.
Litografias, óleos e esculturas retratam esse artista que frequentemente se inspirou no jogo de luz e sombra das montanhas locais. Kirchner se suicidou devido às dores de cabeça insuportáveis e à agonia provocada pela ascensão do nazismo, segundo os painéis do local. Sobre a obra do artista, porém, o museu traz pouco.

Reduto
A região de Davos sempre atraiu pensadores e literatos, como Rainer Maria Rilke, Hermann Hesse e Paul Celan. O escritor alemão Thomas Mann imortalizou a cidade em seu livro "A Montanha Mágica". No passado, cursos acadêmicos em Davos atraíram estudiosos como Albert Einstein, Martin Heidegger, Wilhelm Pinder e Werner Sombart.
St. Moritz abriga os museus Engadine e o Segantini. O primeiro, na via dal Bagn (tel. local 81/833-4333), apresenta um retrato fiel das construções de madeira, instrumentos típicos, sistemas de aquecimento e outras informações sobre o cotidiano da região. O Museu Segantini, na via Somplaz (tel. local 81/833-4454, site www.segantini-museum.ch), é dedicado ao pintor Giovanni Segantini (1858-1899). O tríptico "Ser, Passar, Tornar-se" é uma de suas obras mais conhecidas.
Em Sils-Maria (aldeia localizada a cerca de 20 minutos de ônibus de St. Moritz, com um ônibus a cada hora entre os dois pontos) viveu o filosofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), a partir de 1879. A casa onde morou foi transformada num pequeno museu, que exibe parte de seus manuscritos e partituras. Foi ali que Nietzsche concebeu parte considerável de sua obra, incluindo a célebre "Assim Falou Zaratustra".
Dizem na Suíça que há uma "energia especial" em Sils-Maria, especialmente à entrada, perto de uma igreja. Caso o museu (tel. local 81/826-5369) esteja fechado, o centro de turismo local pode ajudar a providenciar uma visita.
A inspiração para uma das idéias fundamentais de Nietzsche, a do "eterno retorno", veio de uma pedra à beira do lago de Silvaplana, perto de St. Moritz. "Naquele dia eu caminhava pelos bosques perto do lago de Silvaplana; detive-me junto a um imponente bloco de pedra em forma de pirâmide, pouco distante de Surlei. Então veio-me esse pensamento", conta ele em sua autobiografia.

Roosevelt e Churchill
O Museu Alpino (tel. local 27/ 967-4100), em Zermatt, reúne a história das primeiras tentativas de escalar as montanhas da região. E o primeiro sucesso: quando o inglês Edward Whymper (1840-1911) chegou ao topo da Matterhorn (4.478 m) em 14 de julho de 1865, batendo Jean-Antoine Carrel, seu rival italiano, a "montanha das montanhas" foi parcialmente domada. Na descida, quatro homens que o acompanhavam morreram. Uma igreja local e um belo cemitério prestam homenagem a eles.
Também nesse museu, há detalhes sobre o veio esportivo de Winston Churchill e Theodore Franklin Roosevelt.
Churchill escalou o monte Rosa (4.634 m) em 1894. Segundo o suíço responsável pelo museu, Churchill decidiu escalar o monte Rosa em vez da Matterhorn porque o guia cobrava a metade do preço.
Já Roosevelt escalou a Matterhorn em 1881. Ele escreveu uma carta à irmã em Zermatt, em 5 de agosto de 1881, descrevendo a escalada. "Uma das principais razões pelas quais realizei a ascensão da Matterhorn foi para mostrar a alguns alpinistas ingleses que estavam hospedados no mesmo hotel que um ianque podia escalar tão bem quanto eles." (PDF)


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