São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Cinco-estrelas em Gaza

Construção teve início nos anos 90, para abrigar escritórios; hoje, hotel passa por abertura gradual

HARRIET SHERRWOOD
DO "GUARDIAN"

Da cama entalhada manualmente na suíte real do Al Mashtal (www.almashtalarcmedhotels.com) vê-se o sol poente lançar tons de rosa e laranja sobre o Mediterrâneo que escurece. Abaixo do terraço caro, pontilhada por cadeiras reclináveis de vime, está a opulenta área da piscina, entre jardins com paisagismo de bom gosto.
Parece um sofisticado resort em, talvez, Sharm el Sheik. Mas é a Cidade de Gaza e, se a vista for desviada do sol poente, vê-se ao lado um campo de treinamento militar do Hamas, bombardeado pelos militares israelenses recentemente.
O Al Mashtal é o primeiro e único hotel cinco estrelas de Gaza, um projeto ambicioso em um local onde não há turistas e cerca de 70% da população vive abaixo da linha da pobreza. Após uma história conturbada, o hotel está abrindo gradualmente.
A construção começou na metade dos anos 90, após os acordos de Oslo. Pago por um consórcio de empresários palestinos e apoiadores, foi originalmente planejado como um prédio de escritórios, mas a segunda Intifada paralisou os trabalhos.
O prédio, reprojetado como um hotel para ser operado pela cadeia Movenpick, foi completado em 2006. Um ano depois, o Hamas tomou conta da faixa de Gaza e o hotel foi desativado.
Há um ano, o grupo espanhol ArcMed concordou em abrir o hotel. "Vim e vi as possibilidades", diz a presidente do grupo, Anna Balletbo, cujas conexões com Gaza têm mais de 40 anos.
Para ela, as possibilidades são mais sobre empregos e treinamento para os moradores de Gaza do que uma proposta cabeça-dura de negócio, embora ela complete: "Nossa única condição é não perder dinheiro".
O hotel abriu 77 de seus 220 quartos e dois de seus restaurantes em 1º de maio. Contratou 70 empregados locais para trabalhar com três gerentes espanhóis.
A gerência imediatamente encontrou dificuldades com suprimentos. "Sempre que possível, compramos as coisas no mercado local", afirma Balletbo.
Ela espera que jornalistas, delegações visitantes e membros das Nações Unidas fiquem no hotel. Há sinais de que moradores mais afluentes de Gaza estejam dispostos a aproveitar os cafés e restaurantes do hotel, e já foram feitas reservas para casamentos e conferências. Segundo Balletbo, não houve interferência do Hamas no negócio.
"Se conseguirmos não perder dinheiro -ou perder muito pouco- no primeiro ano e um pouco de lucro no ano que vem, seria muito bom", diz Balletbo. "Mas o importante é que podemos abrir o hotel, mantê-lo aberto e mostrar que essa terra tem possibilidades."

Tradução de MARINA DELLA VALLE


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