São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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doces rivalidades

Tape o copo caso queira parar de beber

ININTERRUPTO > Quem não coloca a "bolacha" em cima da cerveja a tem renovada pelos garçons como se fosse um refil

DO ENVIADO ESPECIAL

"Pense global, beba local" é o lema na Renânia do Norte-Westfalia. Esqueça latas e garrafas -que até existem- porque o bom mesmo é o chope.
Cada cervejaria possui a sua marca, feita no próprio estabelecimento com ingredientes naturais devidamente regulamentados pelo "Reinheitsgebot", preceito da pureza, datado de 1516, que rege o mercado alemão. A cerveja é servida tão logo sai de sua fonte para os barris e dali para os copos.
Düsseldorf tem dezenas de cervejarias, Colônia outras tantas. Na Ülrige (Bergerstasse 1) da capital, Düsselforf, o carro-chefe é a "altbier", que quer dizer cerveja à moda antiga. Forte, amarga, aromática, tem menos gás que as cervejas industrializadas permitem. Que se beba muito mais copos do que o recomendável, portanto, sem qualquer sensação de empanzinamento.
Na cervejaria Früh Am Dom (Am Hof 12-14), em Colônia, o tipo "kölsh" é servido em simpáticos copinhos de 200 ml, finos e compridos como tubos de ensaio ou "flütes" de champanhe. Como é mais leve do que a "alt" e o sistema de rodízio de copos costuma ser vertiginoso, convém ficar atento para a agradável experiência não desandar em bebedeira.

Refil
Aliás, aqui cabe um parêntese para explicar as regras do halterocopismo nos dois locais.
O copo de chope funciona como um refil. É automaticamente trocado pelos garçons cada vez que fica vazio à mesa, a menos que o cliente sinalize que está satisfeito. E deve fazer isso colocando a "bolacha" em cima do copo. Imagem difícil de ver diante de um alemão.
Segundo Daniel Wolf, 29, criador do site www.mestre-cervejeiro.com, as duas cervejas são de alta fermentação. "A "kölsch" normalmente agrada mais ao brasileiro, por estar entre os dois estilos mais conhecidos no país, o "pilsen" e a "weissbier" [cerveja de trigo]", diz. A "alt", para Wolf, deve ser degustada, mas é considerada forte para o gosto brasileiro.
Alcoolismo é um problema na Alemanha, principalmente entre os jovens, que costumam beber até cair de verdade.
Geralmente eles preferem bebidas adocicadas, como os "ices". A cerveja, que faz parte dos hábitos e costumes do país, costuma ficar de fora das discussões sobre restrições ao consumo de álcool -o que é, por si, uma discussão importante. Ela é relativamente barata para os padrões de renda na Alemanha (um chope varia de 1,5 a 3, ou R$ 3,80 a R$ 7,70) e tem um dos mais baixos impostos sobre bebidas da União Européia. São mais de cinco mil marcas em todo o país. (SÉRGIO COSTA)


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