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'LA NAVE VÀ'
Após dez anos, turistas estão voltando a Dubrovnik, tombada pela Unesco, que conserva traçado medieval
Bombardeada, cidade renasce para turismo
DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO
Diante do mar Adriático, quase
do lado oposto a Bari, na Itália, o
mar que envolve a cidade amuralhada de Dubrovnik, na Croácia, é
estupidamente azul.
Bombardeada em 1992, na
guerra que pôs fim à Iugoslávia,
Dubrovnik está quase restaurada.
Passados dez anos, os turistas
estão voltando, mas só de navio.
Relativamente isolada -a cidade
dista 400 km da capital, Zagreb-,
Dubrovnik é visitada por transatlânticos como o Rhapsody, que
chega ao Brasil em 14 de dezembro (leia à pág. F10).
Com 55 mil habitantes, a cidade
foi tombada pela Unesco em 1979,
pois conserva o traçado medieval
de quando se chamava Ragusa (o
museu marítimo local documenta esse passado).
As unanimidades locais são
duas: uma a favor (são Brás, padroeiro da cidade), outra contra
(o ex-ditador sérvio Slobodan Milosevic, preso em Haia por crimes
contra a humanidade).
A guerra entre sérvios e croatas
foi cruenta, calcada na inominável "limpeza étnica", mas a cidade
renasceu sob a égide do turismo,
que só ocorre até o início de novembro, quando chega o frio.
Relíquias
A muralha de 2 km -que pode
ser percorrida a pé- encerra tesouros, como as relíquias do santo padroeiro (mão, cabeça e perna, envoltos em esculturas de ouro), guardados na catedral.
São Brás, figura onipresente em
estátuas de palácios, fontes e igrejas, também está retratado num
quadro de Ticiano, ao lado de outros santos, com a maquete de
Dubrovnik na mão, em óleo do
mosteiro dominicano.
Na Stradum, a rua comercial repleta de bares, o dólar é aceito timidamente (1 vale 7,5 kunas),
pois o governo tenta forçar o câmbio. O livro "Dubrovnik in War",
de Matica Hrvatska, com fotos
dos bombardeios, é vendido por
18, uma fortuna para os padrões
locais, pois um professor ganha,
em média, 350 mensais.
(SC)
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