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TERRA DE PINGÜIM
Para explorar a gélida região, é preciso usar tecnologia
GPS "salva" a falta de orientação da bússola
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma andorinha sozinha pode
não fazer um verão, mas basta um
pingüim para mostrar como o inverno na Antártida pode ser frio,
muito frio. Apesar de andarem de
casaca e comerem peixe cru, são
aves sensatas e sensíveis que migram para lugares mais quentes.
Já os seres humanos podem ser
vistos na região mesmo no pior
inverno, guarnecendo estações
científicas de vários países, confiantes na tecnologia -que, ainda
assim, pode dar sustos. Bússolas
comuns surtam ao se aproximarem do pólo sul magnético.
É raro achar pingüins na Antártida na estação mais fria. Mas são
bichos inesquecíveis, como o caso
de um atrasadinho com quem este repórter topou por lá. Com o
terreno todo coberto de neve, o
bicho aproveitava para praticar
tobogã. Ao chegar a uma elevação, deslizava de barriga até a próxima. E assim prosseguia a sua
elegante marcha migratória.
Se você não é um explorador,
andar na Antártida é loucura. No
inverno, não há marcos geográficos, só um deserto branco, que
ainda por cima pode ser alvo de
uma tempestade de neve, que bloqueia toda a visão. Andar rápido,
em um veículo adaptado, só se
você estiver totalmente coberto.
O vento gelado amplifica o frio
-a ponto de parecer que estão
enfiando lâminas no seu rosto.
Felizmente inventou-se o GPS,
um aparelho posicionador por satélite. Pois a agulha das bússolas
tende a apontar para baixo, na direção do pólo Norte, abaixo dos
seus pés. Mas ela também pode
enlouquecer de modo mais original, girando feito louca graças ao
pólo magnético próximo.
Para os cientistas, a Antártida é
um petisco tentador. Pesquisas
únicas sobre clima, sobre fauna e
mesmo sobre o convívio de seres
humanos são feitas ali.
Brasileiros, especialmente do
Sul e do Sudeste, sabem bem o
que são frentes frias, que vêm dali.
O gelo e o ar puríssimos são fontes importantes de informações
geoquímicas. Os bichos são quase
incomparáveis -obviamente, só
com os do antípoda pólo Norte.
Estar em uma estação isolada,
em pequenos grupos que têm que
conviver cotidianamente, é o melhor laboratório para uma futura
viagem espacial a Marte, que exigirá algo parecido. Não há como
pular fora facilmente. Mas, claro,
o melhor na Antártida é ser turista. Visitar, em relativo conforto;
comportar-se de modo ambientalmente correto; e lembrar para
sempre a experiência.
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