São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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TERRA DE PINGÜIM

Pesquisadores dividem estudos e tarefas domésticas

Estação brasileira comporta até um orelhão

CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

Para quem a vê pela primeira vez, do convés de um navio entrando na baía do Almirantado, ela parece um amontoado de caixinhas de metal verde no meio da neve. Mas a estação Comandante Ferraz, onde o Brasil desenvolve pesquisas desde 1984, é um hotel de luxo -pelo menos para os padrões antárticos.
Ferraz foi construída em módulos e até hoje passa por reformas e ampliações. A estação conta com um galpão para máquinas e laboratórios, alojamentos para até 45 pessoas no verão (no inverno, um grupo de dez bravos militares mantém o local) e uma biblioteca com acesso à internet. Tem até orelhão -uma cabine telefônica em é possível usar os serviços da empresa chilena Intel.
Para quem desembarca na Antártida pela primeira vez, é difícil se acostumar à vida cheia de regras da estação. Não chegue perto demais dos pingüins, mesmo que eles estejam na escada da sala de secagem, entrada principal do complexo. Pingüins são aves estressadas. Não assuste as focas-de-weddell que tomam sol na praia (elas podem morder você).
Não ande fora das trilhas demarcadas -o lugar todo é um santuário, e ai de você se pisar num líquen; líquenes são raros na Antártida. E nunca, mas nunca mesmo, tente se afastar demais da estação sem três coisas: um rádio, um casaco e um banho generoso de protetor solar. O buraco na camada de ozônio é um fenômeno bem real, e o sol refletido na neve queima por todos os lados.
Uma coisa constante na ilha Rei George, onde fica Ferraz, é a inconstância da meteorologia. Uma manhã de sol pode dar lugar a chuva ou neve ou ambas com uma rapidez impressionante. É muito freqüente ver cientistas frustrados, trancafiados por dias na estação porque o mau tempo impediu saídas para coleta de espécimes na baía.
Não que eles fiquem ociosos -ao contrário. Limitações de espaço em Ferraz fazem que a equipe de logística da Marinha se limite a dez pessoas. O resultado é que as tarefas domésticas são compartilhadas por todos.


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