São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

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PACÍFICO NOROESTE

Historiador conta curiosidades da vida de William E. Boeing

Para Lombardi, utilização de composto na fabricação de aeronaves é o novo passo tecnológico da aviação

DO ENVIADO ESPECIAL A SEATTLE

Michael J. Lombardi é o historiador corporativo da Boeing, empresa que iniciou a construção de aviões comerciais em Seattle no longínquo ano de 1916. Ele também é um dos curadores do Museum of Flight (www.museumofflight.org), instituição que, nos arredores de Seattle, é mantida não só pela Boeing como também por outras empresas e pessoas.
Lombardi é capaz de falar de detalhes do passado da aviação com a mesma desenvoltura com que discorre sobre o novo B-787 Dreamliner, o bijato que, feito com compostos, vai revolucionar a produção de aeronaves comerciais. "O B-787 representa um real desafio tecnológico -e o pessoal na Boeing está fazendo história."
Leia trechos da entrevista que o historiador concedeu à Folha no museu que, além de aviões de todas as marcas e épocas, conserva o prédio Red Barn, galpão de madeira onde a Boeing iniciou suas atividades.
(SILVIO CIOFFI)

 

FOLHA - Como a Boeing nasceu?
MICHAEL LOMBARDI
- O Red Barn é o prédio original onde Bill Boeing (1881-1956) começou a companhia Boeing. Ele estava a 5 km de onde está hoje [o museu fica na East Marginal Way South, 9.404] e foi transportado na década de 1970. O Museum of Flight, que é independente, foi aberto ao público em 1985 e construído ao redor desse prédio histórico. O sr. Boeing começou a companhia depois de ter investido em madeira e em mineração. Começou a companhia como um hobby. Ele estava interessado em voar, algo novo na época, e percebeu uma oportunidade de negócio.

FOLHA - Os motores dos primeiros aviões eram motores de carro?
LOMBARDI
- Não. Especialmente desde a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), existiam motores de avião produzidos por empresas como a Curtiss.

FOLHA- Como os aviões, que eram de madeira, viraram de metal?
LOMBARDI
- As empresas começaram a usar metal nos anos 1920, incluindo a Boeing. Havia partes de madeira, com metal do lado de fora. As asas ainda eram cobertas de tecido. Entre os metais usados, havia o aço, mas o revestimento era de alumínio. As hélices eram de aço. Assim como no passado houve essa transição da madeira para o metal, hoje, com o novo B-787, começa a transição do metal para o composto, o próximo passo tecnológico da aviação.

FOLHA - Como William Boeing decidiu afastar-se da companhia?
LOMBARDI
- William E. Boeing saiu da companhia quando ela já era uma gigante do setor. Ele detinha as ações de uma companhia aérea que originou a United Aircraft and Transport Corporation e tinha uma empresa de motores e outros equipamentos usados em aviação. Era como o Bill Gates de sua época. Isso foi durante o começo da Depressão, e, em 1934, uma mudança na legislação o forçou a vender seus interesses na Boeing. O governo federal suspeitava de qualquer homem de negócios que tivesse sucesso na Depressão. Eles investigaram o sr. Boeing, o colocaram diante do Congresso e o questionaram: "Por que você está fazendo tanto dinheiro? Deve estar fazendo algo de errado!" Ele era apenas um bom homem de negócios, honesto. Então resolveu se aposentar. Dedicou-se aos seus hobbies, às corridas de cavalo e aos passeios em seu iate, o Taconite, onde morreu, em 1956. Como consultor, ainda teve tempo de participar de algumas decisões da Boeing, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).


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