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PACÍFICO NOROESTE
Historiador conta curiosidades da vida de William E. Boeing
Para Lombardi, utilização de composto na fabricação de aeronaves é o novo passo tecnológico da aviação
DO ENVIADO ESPECIAL A SEATTLE
Michael J. Lombardi é o historiador corporativo da Boeing,
empresa que iniciou a construção de aviões comerciais em
Seattle no longínquo ano de
1916. Ele também é um dos curadores do Museum of Flight
(www.museumofflight.org),
instituição que, nos arredores
de Seattle, é mantida não só pela Boeing como também por
outras empresas e pessoas.
Lombardi é capaz de falar de
detalhes do passado da aviação
com a mesma desenvoltura
com que discorre sobre o novo
B-787 Dreamliner, o bijato que,
feito com compostos, vai revolucionar a produção de aeronaves comerciais. "O B-787 representa um real desafio tecnológico -e o pessoal na
Boeing está fazendo história."
Leia trechos da entrevista
que o historiador concedeu à
Folha no museu que, além de
aviões de todas as marcas e
épocas, conserva o prédio Red
Barn, galpão de madeira onde a
Boeing iniciou suas atividades.
(SILVIO CIOFFI)
FOLHA - Como a Boeing nasceu?
MICHAEL LOMBARDI - O Red Barn
é o prédio original onde Bill
Boeing (1881-1956) começou a
companhia Boeing. Ele estava a
5 km de onde está hoje [o museu fica na East Marginal Way
South, 9.404] e foi transportado na década de 1970. O Museum of Flight, que é independente, foi aberto ao público em
1985 e construído ao redor desse prédio histórico. O sr. Boeing
começou a companhia depois
de ter investido em madeira e
em mineração. Começou a
companhia como um hobby.
Ele estava interessado em voar,
algo novo na época, e percebeu
uma oportunidade de negócio.
FOLHA - Os motores dos primeiros
aviões eram motores de carro?
LOMBARDI - Não. Especialmente desde a Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), existiam
motores de avião produzidos
por empresas como a Curtiss.
FOLHA- Como os aviões, que eram
de madeira, viraram de metal?
LOMBARDI - As empresas começaram a usar metal nos anos
1920, incluindo a Boeing. Havia
partes de madeira, com metal
do lado de fora. As asas ainda
eram cobertas de tecido. Entre
os metais usados, havia o aço,
mas o revestimento era de alumínio. As hélices eram de aço.
Assim como no passado houve
essa transição da madeira para
o metal, hoje, com o novo B-787, começa a transição do metal para o composto, o próximo
passo tecnológico da aviação.
FOLHA - Como William Boeing decidiu afastar-se da companhia?
LOMBARDI - William E. Boeing
saiu da companhia quando ela
já era uma gigante do setor. Ele
detinha as ações de uma companhia aérea que originou a
United Aircraft and Transport
Corporation e tinha uma empresa de motores e outros equipamentos usados em aviação.
Era como o Bill Gates de sua
época. Isso foi durante o começo da Depressão, e, em 1934,
uma mudança na legislação o
forçou a vender seus interesses
na Boeing. O governo federal
suspeitava de qualquer homem
de negócios que tivesse sucesso
na Depressão. Eles investigaram o sr. Boeing, o colocaram
diante do Congresso e o questionaram: "Por que você está
fazendo tanto dinheiro? Deve
estar fazendo algo de errado!"
Ele era apenas um bom homem
de negócios, honesto. Então resolveu se aposentar. Dedicou-se aos seus hobbies, às corridas
de cavalo e aos passeios em seu
iate, o Taconite, onde morreu,
em 1956. Como consultor, ainda teve tempo de participar de
algumas decisões da Boeing,
durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945).
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