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PACÍFICO NOROESTE
Psicologia do passageiro define projeto do B-787
Fuselagem não-metálica melhora ambiente interno do avião, que tem janelas maiores e filtro de odores
DO ENVIADO ESPECIAL A SEATTLE
Envolvidos na pesquisa com
passageiros que resultou em
conceitos que nortearam a
construção do novo Boeing-787 Dreamliner, Blake Emery e
Kenneth Price, diretores da
Boeing, explicam que esse
avião é diferente dos demais.
Blake Emery, que é psicólogo
e diretor de diferenciação estratégica da Boeing, diz que "o
interior é onde os passageiros
passam a maior parte de seu
tempo, mas, no projeto Dreamliner, escolhemos focar tanto
no interior quanto no exterior".
Ele afirma que o projeto causa impacto no exterior, "especialmente na parte da frente,
onde conseguimos fazer uma
cabine de quatro janelas, mas o
interior é o mais importante".
A pesquisa com os consumidores, dizem Emery e Price, levou em conta o que as pessoas
querem. "No início da pesquisa,
tentamos conectar as pessoas
com a experiência de voar."
Emery constatou que "as primeiras impressões eram todas
muito positivas: as pessoas
lembravam da excitação de
descer na pista, de decolar, a
primeira vez em que viram sua
cidade, seu país de cima, é uma
questão importante; as aeromoças eram lindas; a comida,
deliciosa; a experiência, maravilhosa". Mas, passada a primeira fase de pesquisa, diz
Emery, "as pessoas passaram a
descrever seus voos recentes
como uma má experiência".
Iluminação
"Então, procuramos maneiras para tornar esse momento
de embarque mais especial.
Melhoramos a iluminação, que
é feita de um modo diferente e
cujas luzes mudam de cor, recriando o pôr-do-sol, os tons do
céu e usando as superfícies para refletir a luz que, integrada à
arquitetura interna do avião,
cria a sensação de abertura",
relata o psicólogo.
Composto versus metal
Já Kenneth Price, diretor de
marketing e de renovação de
frota, checa a satisfação do passageiro. Price conta que o interior do B-787 leva em conta a
sensação de espaço visual e que
a distinção entre espaço visual
e espaço da cabine é importante. Mas, para ele, "o que diferencia esse avião de outros é
que ele é feito de composto, pode ter janelas maiores".
Price diz que as janelas são
provavelmente o elemento
principal. Ele permite reconectar as pessoas com a experiência de voar. "As pessoas ficam
bem mais confortáveis se elas
conseguem se orientar e ver o
lado de fora, o horizonte. Esse é
o propósito de nossas janelas",
afirma. Outro grande benefício
do composto, que substitui a
estrutura metálica de alumínio
usada na fuselagem de aviões
até o advento do B-787, é que,
após um voo longo, os passageiros não vão sentir sintomas físicos depois da aterrissagem.
"Com o composto, conseguimos colocar mais pressão e
umidade na cabine", diz Price.
Filtrando odores
Outras duas diferenças do B-787 em relação a outros aviões
são a umidade dentro da cabine
e os filtros de ar. Hoje, os aviões
têm filtros que só retêm partículas, como poeira. Há muitos
gases nos aviões que não são filtrados - de perfume, do odor
da comida e até de suor. Price
afirma que, com filtros mais
avançados, "o B-787 também
vai filtrar os gases que são irritantes se combinados com a
baixa umidade, que fazem os
olhos, narizes e músculos das
pessoas sofrerem desconforto".
Assentos
"Fizemos também pesquisa
sobre a dimensão e a disposição
dos assentos nos aviões, e elas
indicaram que o modelo 3-3-3 é
bem mais popular", diz Price.
Para o marketólogo da Boeing,
"a coisa que faz os passageiros
de classe turística ficarem mais
satisfeitos é entrar no avião e,
após o fim do embarque, ter ao
lado um assento vazio. Com esse arranjo, uma cadeira vazia
sempre fará duas pessoas felizes", afirma Price.
(SILVIO CIOFFI)
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