São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

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PACÍFICO NOROESTE

Psicologia do passageiro define projeto do B-787

Fuselagem não-metálica melhora ambiente interno do avião, que tem janelas maiores e filtro de odores

DO ENVIADO ESPECIAL A SEATTLE

Envolvidos na pesquisa com passageiros que resultou em conceitos que nortearam a construção do novo Boeing-787 Dreamliner, Blake Emery e Kenneth Price, diretores da Boeing, explicam que esse avião é diferente dos demais.
Blake Emery, que é psicólogo e diretor de diferenciação estratégica da Boeing, diz que "o interior é onde os passageiros passam a maior parte de seu tempo, mas, no projeto Dreamliner, escolhemos focar tanto no interior quanto no exterior".
Ele afirma que o projeto causa impacto no exterior, "especialmente na parte da frente, onde conseguimos fazer uma cabine de quatro janelas, mas o interior é o mais importante".
A pesquisa com os consumidores, dizem Emery e Price, levou em conta o que as pessoas querem. "No início da pesquisa, tentamos conectar as pessoas com a experiência de voar."
Emery constatou que "as primeiras impressões eram todas muito positivas: as pessoas lembravam da excitação de descer na pista, de decolar, a primeira vez em que viram sua cidade, seu país de cima, é uma questão importante; as aeromoças eram lindas; a comida, deliciosa; a experiência, maravilhosa". Mas, passada a primeira fase de pesquisa, diz Emery, "as pessoas passaram a descrever seus voos recentes como uma má experiência".

Iluminação
"Então, procuramos maneiras para tornar esse momento de embarque mais especial. Melhoramos a iluminação, que é feita de um modo diferente e cujas luzes mudam de cor, recriando o pôr-do-sol, os tons do céu e usando as superfícies para refletir a luz que, integrada à arquitetura interna do avião, cria a sensação de abertura", relata o psicólogo.

Composto versus metal
Já Kenneth Price, diretor de marketing e de renovação de frota, checa a satisfação do passageiro. Price conta que o interior do B-787 leva em conta a sensação de espaço visual e que a distinção entre espaço visual e espaço da cabine é importante. Mas, para ele, "o que diferencia esse avião de outros é que ele é feito de composto, pode ter janelas maiores".
Price diz que as janelas são provavelmente o elemento principal. Ele permite reconectar as pessoas com a experiência de voar. "As pessoas ficam bem mais confortáveis se elas conseguem se orientar e ver o lado de fora, o horizonte. Esse é o propósito de nossas janelas", afirma. Outro grande benefício do composto, que substitui a estrutura metálica de alumínio usada na fuselagem de aviões até o advento do B-787, é que, após um voo longo, os passageiros não vão sentir sintomas físicos depois da aterrissagem. "Com o composto, conseguimos colocar mais pressão e umidade na cabine", diz Price.

Filtrando odores
Outras duas diferenças do B-787 em relação a outros aviões são a umidade dentro da cabine e os filtros de ar. Hoje, os aviões têm filtros que só retêm partículas, como poeira. Há muitos gases nos aviões que não são filtrados - de perfume, do odor da comida e até de suor. Price afirma que, com filtros mais avançados, "o B-787 também vai filtrar os gases que são irritantes se combinados com a baixa umidade, que fazem os olhos, narizes e músculos das pessoas sofrerem desconforto".

Assentos
"Fizemos também pesquisa sobre a dimensão e a disposição dos assentos nos aviões, e elas indicaram que o modelo 3-3-3 é bem mais popular", diz Price. Para o marketólogo da Boeing, "a coisa que faz os passageiros de classe turística ficarem mais satisfeitos é entrar no avião e, após o fim do embarque, ter ao lado um assento vazio. Com esse arranjo, uma cadeira vazia sempre fará duas pessoas felizes", afirma Price. (SILVIO CIOFFI)


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