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PACÍFICO NOROESTE
Vancouver recebe a Olimpíada de Inverno em 2010
Coalhada de parques e com verão ameno e inverno chuvoso, cidade é importante polo turístico
DO ENVIADO ESPECIAL A VANCOUVER
A revista "The Economist" já
considerou Vancouver, no oeste canadense, "a melhor cidade
do mundo para se viver"; já a
publicação "Condé Nast Traveller" a elegeu a "melhor cidade
das Américas".
Premiações à parte, a metrópole que se jacta de ter um verão quente, com temperaturas
superiores a 20C, e no inverno
um clima não tão severo como
outras no Canadá, padece de
um clima chuvoso no frio invernal, quando as temperaturas chegam a -10C.
Mas, se não fossem as baixas
temperaturas durante o inverno, a capital da Província da
Colúmbia Britânica não seria,
entre 12 e 28 de fevereiro de
2010, a sede dos 21º Jogos
Olímpicos de Inverno (www.vancouver2010.com).
Exceto por alguns dos eventos que acontecerão em Whistler, cidade vizinha encravada
nas montanhas Rochosas, Vancouver já discute como fazer
para que a crise econômica
mundial não prejudique a riqueza desse evento.
Assim, imersa na natureza,
entre as montanhas e as águas
dos estreitos de Geórgia e
Johnstone, ligados ao Pacífico,
Vancouver é um importante
polo turístico (www.tourismvancouver.com).
Com apenas 550 mil habitantes -aliás, 2,2 milhões, se
considerada a população da
área metropolitana-, é uma
metrópole compacta, de 114
km2, mas, definitivamente,
multicultural.
Tem uma parte alta, onde estão o centro da cidade e locais
históricos emblemáticos, caso
do Vancouver Art Gallery
(www.vancouverartgallery.bc.ca) e do tradicional hotel
Fairmont (www.fairmont.com), na West Georgia street
com a Burrard, onde o comércio de grife é onipresente.
Já na parte em torno do porto, as regiões contíguas de Waterfront e de Gastown concentram hotéis, bares e restaurantes, e mesclam com bom gosto
prédios antigos e modernos,
caso do Canada Place, centro
pós-moderno que, aberto na
Expo 86, abriga um hotel, dois
centros de convenções e um
atracadouro.
No outro extremo está o parque Stanley, na Beach avenue,
2.099, que, em seus 40 hectares, abriga um aquário, laguinhos, um
jardim de rosas e um bosque.
Nos meses quentes, é possível
caminhar, ir à praia, admirar o
perfil arrojado da cidade e o
porto de English Bay, andar de
bicicleta e até praticar equitação. A cidade tem, ao todo, 11
km2 de parques públicos.
Há duas maneiras baratas de
conhecer, num só dia, todos esses lugares e, de quebra, o bairro de Granville Island, onde fica o mercado: pegar o Big Bus (35 dólares canadenses; www.bigbus.ca), ônibus de dois andares
que faz passeio circular, ou o
Vancouver Trolley Company
(35 dólares canadenses; vancouvertrolley.com), cujo veículo, um ônibus caracterizado
como bonde antigo, também dá
uma volta turística.
História versus geografia
Os ingleses chegaram a essa
região até então difícil de explorar em 1778, quando o capitão James Cook reivindicou a
área. Depois, chefiados pelo capitão George Vancouver, auxiliar de Cook -que fora assassinado pelos nativos no Havaí-,
voltaram ao local em 1792.
No diário de bordo dessa viagem do HMS Discovery, a página relativa ao dia 20 de julho registra que, ao alcançar a altitude da Terra Nova, a expedição
singrava as águas dos braços de
mar quando encontrou uma
grande ilha cuja paisagem, coberta de pinheiros gigantes,
era, segundo o relato, "parecida
com a da Escócia". A mesma
anotação registra que o capitão
Vancouver iria encontrar o comissário espanhol que, ali estabelecido, havia chegado à região por terra.
Para a expedição de George
Vancouver, "o local parecia
mais do que ideal para ser sede
da colonização britânica". Remotíssima, essa localidade era
habitada por índios cujas canoas impressionaram a expedição inglesa. E esses índios pareciam felizes ao receber contas
de vidro e espelhos em troca de
salmão fresco e peles de lontra.
Nasce uma cidade
O assentamento europeu que
realmente deu origem à cidade
de Vancouver remonta a 1862 e
baseou a sua economia na extração de madeira. Já a localidade de Gastown, onde um relógio a vapor de 1870 ainda encanta os visitantes tocando, na
esquina das ruas Cambie e Water, a cada quarto de hora, cresceu em torno da ruidosa taberna de "Gassy" Jack Deighton,
aberta em 1867.
Há uma estátua alusiva a esse
marinheiro inglês em Carrall
street. Na arrebatadora rua comercial, Water street, além do
relógio a vapor, ainda existem
os postes originais do tempo da
iluminação a gás.
Ali, além de pequenos restaurantes, há lojas de traquitanas
pseudoindígenas e de bugigangas turísticas. A torre da cidade,
um edifício de 176 m de onde dá
para avistar Victoria, na ilha de
Vancouver, também fica na região. Mas sua arquitetura nem
de longe é páreo para outras as
grandes rainhas do mundo, como a Space Needle de Seattle
(leia texto à pág. F6).
Outro polo histórico, Granville foi constituído em 1870 pela
administração colonial próximo a uma baía. Um ano depois,
em 1871, a Colúmbia Britânica
se juntou ao Canadá.
Em 1886, a cidade realmente
entrou no mapa-múndi com a
chegada da Canadian Pacific
Railway, uma ferrovia transcontinental. Dez anos depois,
em 1896, quando ouro foi descoberto no território de Yukon,
a notícia atraiu hordas de mineiros, aventureiros, marceneiros e construtores navais de
todo o mundo.
Foi o suficiente para selar o
destino cosmopolita dessa cidade, a terceira maior do Canadá, cuja economia se distingue
pela comercialização de madeira, papel, ferro e aço e produz
produtos químicos, embarcações e enlatados de pescado.
(SILVIO CIOFFI)
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