São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

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PACÍFICO NOROESTE

Vancouver recebe a Olimpíada de Inverno em 2010

Coalhada de parques e com verão ameno e inverno chuvoso, cidade é importante polo turístico

DO ENVIADO ESPECIAL A VANCOUVER

A revista "The Economist" já considerou Vancouver, no oeste canadense, "a melhor cidade do mundo para se viver"; já a publicação "Condé Nast Traveller" a elegeu a "melhor cidade das Américas".
Premiações à parte, a metrópole que se jacta de ter um verão quente, com temperaturas superiores a 20C, e no inverno um clima não tão severo como outras no Canadá, padece de um clima chuvoso no frio invernal, quando as temperaturas chegam a -10C.
Mas, se não fossem as baixas temperaturas durante o inverno, a capital da Província da Colúmbia Britânica não seria, entre 12 e 28 de fevereiro de 2010, a sede dos 21º Jogos Olímpicos de Inverno (www.vancouver2010.com).
Exceto por alguns dos eventos que acontecerão em Whistler, cidade vizinha encravada nas montanhas Rochosas, Vancouver já discute como fazer para que a crise econômica mundial não prejudique a riqueza desse evento.
Assim, imersa na natureza, entre as montanhas e as águas dos estreitos de Geórgia e Johnstone, ligados ao Pacífico, Vancouver é um importante polo turístico (www.tourismvancouver.com).
Com apenas 550 mil habitantes -aliás, 2,2 milhões, se considerada a população da área metropolitana-, é uma metrópole compacta, de 114 km2, mas, definitivamente, multicultural.
Tem uma parte alta, onde estão o centro da cidade e locais históricos emblemáticos, caso do Vancouver Art Gallery (www.vancouverartgallery.bc.ca) e do tradicional hotel Fairmont (www.fairmont.com), na West Georgia street com a Burrard, onde o comércio de grife é onipresente.
Já na parte em torno do porto, as regiões contíguas de Waterfront e de Gastown concentram hotéis, bares e restaurantes, e mesclam com bom gosto prédios antigos e modernos, caso do Canada Place, centro pós-moderno que, aberto na Expo 86, abriga um hotel, dois centros de convenções e um atracadouro.
No outro extremo está o parque Stanley, na Beach avenue, 2.099, que, em seus 40 hectares, abriga um aquário, laguinhos, um jardim de rosas e um bosque. Nos meses quentes, é possível caminhar, ir à praia, admirar o perfil arrojado da cidade e o porto de English Bay, andar de bicicleta e até praticar equitação. A cidade tem, ao todo, 11 km2 de parques públicos.
Há duas maneiras baratas de conhecer, num só dia, todos esses lugares e, de quebra, o bairro de Granville Island, onde fica o mercado: pegar o Big Bus (35 dólares canadenses; www.bigbus.ca), ônibus de dois andares que faz passeio circular, ou o Vancouver Trolley Company (35 dólares canadenses; vancouvertrolley.com), cujo veículo, um ônibus caracterizado como bonde antigo, também dá uma volta turística.

História versus geografia
Os ingleses chegaram a essa região até então difícil de explorar em 1778, quando o capitão James Cook reivindicou a área. Depois, chefiados pelo capitão George Vancouver, auxiliar de Cook -que fora assassinado pelos nativos no Havaí-, voltaram ao local em 1792.
No diário de bordo dessa viagem do HMS Discovery, a página relativa ao dia 20 de julho registra que, ao alcançar a altitude da Terra Nova, a expedição singrava as águas dos braços de mar quando encontrou uma grande ilha cuja paisagem, coberta de pinheiros gigantes, era, segundo o relato, "parecida com a da Escócia". A mesma anotação registra que o capitão Vancouver iria encontrar o comissário espanhol que, ali estabelecido, havia chegado à região por terra.
Para a expedição de George Vancouver, "o local parecia mais do que ideal para ser sede da colonização britânica". Remotíssima, essa localidade era habitada por índios cujas canoas impressionaram a expedição inglesa. E esses índios pareciam felizes ao receber contas de vidro e espelhos em troca de salmão fresco e peles de lontra.

Nasce uma cidade
O assentamento europeu que realmente deu origem à cidade de Vancouver remonta a 1862 e baseou a sua economia na extração de madeira. Já a localidade de Gastown, onde um relógio a vapor de 1870 ainda encanta os visitantes tocando, na esquina das ruas Cambie e Water, a cada quarto de hora, cresceu em torno da ruidosa taberna de "Gassy" Jack Deighton, aberta em 1867.
Há uma estátua alusiva a esse marinheiro inglês em Carrall street. Na arrebatadora rua comercial, Water street, além do relógio a vapor, ainda existem os postes originais do tempo da iluminação a gás.
Ali, além de pequenos restaurantes, há lojas de traquitanas pseudoindígenas e de bugigangas turísticas. A torre da cidade, um edifício de 176 m de onde dá para avistar Victoria, na ilha de Vancouver, também fica na região. Mas sua arquitetura nem de longe é páreo para outras as grandes rainhas do mundo, como a Space Needle de Seattle (leia texto à pág. F6).
Outro polo histórico, Granville foi constituído em 1870 pela administração colonial próximo a uma baía. Um ano depois, em 1871, a Colúmbia Britânica se juntou ao Canadá.
Em 1886, a cidade realmente entrou no mapa-múndi com a chegada da Canadian Pacific Railway, uma ferrovia transcontinental. Dez anos depois, em 1896, quando ouro foi descoberto no território de Yukon, a notícia atraiu hordas de mineiros, aventureiros, marceneiros e construtores navais de todo o mundo.
Foi o suficiente para selar o destino cosmopolita dessa cidade, a terceira maior do Canadá, cuja economia se distingue pela comercialização de madeira, papel, ferro e aço e produz produtos químicos, embarcações e enlatados de pescado.
(SILVIO CIOFFI)


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