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Criveiras traduzem a arte açoriana
DA ENVIADA ESPECIAL
Criveiras. O Aurélio não registra a profissão, mas esse é o nome
pelo qual são conhecidas as bordadeiras do município de Governador Celso Ramos. Do linho puro ao algodão, as criveiras seguem
a tradição do tempo das vovós
açorianas e utilizam qualquer tipo
de pano que possa ser desfiado,
transformando-o em elegantes
toalhas, guardanapos, enxovais,
cortinas e até roupas, entrelaçadas nos mais variados motivos.
Trazida por imigrantes da ilha
dos Açores que aportaram em
Santa Catarina no século 18, a arte
é hoje manejada por cerca de cem
mulheres do município, a maioria
com mais de 30 anos.
E os sobrenomes não deixam
mentir a origem açoriana. As Passos, Coelhos, Pereiras e Veríssimos comandam a Coopearte
(Cooperativa de Criveiras de Governador Celso Ramos) há quatro
anos. Participaram de um desfile
de moda com um grupo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2001 e hoje exportam seus bordados para Milão.
Cerca de 40 trabalhos ficam expostos numa antiga casa amarela
de madeira. Só que a maioria dos
visitantes prefere fazer as próprias
encomendas, escolher a cor, o tipo de tecido e os desenhos.
O complicado é entender o vocabulário específico que rodeia a
atividade dessas criveiras. "Você
quer com bainha aberta? A toalha
com crivo? Quer olho-de-pombo?", indaga a coordenadora da
cooperativa, Jane Eugenita dos
Passos, 32, que aprendeu a crivar
com a mãe, dona Eugenita, 72.
Tudo muito simples -para as
criveiras-, mas o linguajar requer tradução. A compreensão
vem com o entendimento do passo a passo da arte do bordado tradicional. Primeira etapa: desfiar o
tecido. Os fios são puxados do pano escolhido para ser enquadrado
numa tábua, chamada de bastidor (segunda etapa). Terceira:
tampar. As criveiras moldam com
a agulha os desenhos em forma
geométrica ou de flores, de objetos de cozinha e de animais. Quarto passo: urdir. Isso significa que
os fios soltos são entrelaçados.
Em seguida, o caseado -finalmente uma palavra familiar- ,
que é o arremate. Enfim, o pano é
retirado da tábua. Eis, por exemplo, uma toalha com crivo, ou seja, com a barra toda ornada. Mas e
se o cliente quiser que o bordado
fique mais no centro, com uma
bainha no final do tecido? Essa será, então, uma toalha com crivo
no meio e bainha aberta.
Para fazer uma toalha de 1,10 x
1,10 m, as oito criveiras da cooperativa levam até 15 dias trabalhando quatro horas e meia. O preço
de uma toalha com essa medida
pode chegar a R$ 300. Tudo depende do trabalho que der. Para
simplificar, quanto mais crivado
o tecido, mais caro ele será.
(MM)
Coopearte - SC-410 - km 3, s/nš, Areias
do Meio; tels.: 0/xx/48/296-2292 ou 0/
xx/48/9983-1753
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