|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COSTA ESMERALDA
Passeio de barco leva turistas a descobrir mundo dos moluscos criados em cativeiro, em bolsas imersas
Bóias sinalizam fazendas de mariscos
DA ENVIADA ESPECIAL A SANTA CATARINA
Se vir flutuadores enfileirados
no mar, saiba que ali existe uma
fazenda. É isso mesmo. Em vez do
cerco com arames, colocam-se
bóias e, no lugar do gado, criam-se mexilhões. O cultivo de mariscos em fazendas marinhas figura
como um saboroso passeio turístico, além de ser arrimo para pescadores artesanais em municípios
costeiros em Santa Catarina.
Atrás de Penha e Palhoça, Governador Celso Ramos é o terceiro maior produtor de mariscos
em cativeiro do Estado, atividade
iniciada há 15 anos e que hoje enfrenta um embate (leia ao lado).
Para chegar às fazendas, um bote aproxima-se cuidadosamente
das marisqueiras para não se
emaranhar nas redes que unem as
faixas, que têm de 35 a 40 tambores. Até então, os únicos mariscos
avistados são alguns grudados
nos tambores. A criação dos mexilhões está submersa.
Eles se reproduzem em bolsas
imersas sob os flutuadores, onde
são introduzidas sementes de mariscos. O barco pára, e o pescador
puxa do fundo do mar uma das
bolsas, que tem um metro de
comprimento e pesa cerca de 25
kg, cheia de mariscos e afins.
"Há muita vida dentro da bolsa", diz Fábio Fernandes, 22.
Quando o pescador mexe e limpa
a bolsa retirada do fundo do mar,
a frase torna-se auto-explicativa.
Pululam sirizinhos, mijonas, peixes, parasitas, até culminar nos
gordos mariscos. Nessa hora, não
só a fauna mostra-se abundante,
mas também os esclarecimentos
sobre a miticultura.
O recheio vermelho ou branco,
por exemplo, identifica o macho e
a fêmea, respectivamente. O período de engorda leva cerca de
cinco meses, mas a variação do
mar entre calmo e bravo e da Lua
ajuda a ter mexilhões maduros.
"É meio sinistro", simplifica
Fernandes. Os tamanhos são variados, mas a grandeza não é proporcional à carne que pode ser
encontrada ali dentro. "Se esperar
dez meses, a casca é grande, e a
carne, a mesma", diz. As cascas
ainda são reaproveitadas numa
fábrica local para a produção de
cápsulas de remédio.
No município, um maricultor
retira em média 15 toneladas de
mexilhão por ano. Em 2002, Governador Celso Ramos recolheu
1.600 toneladas. Um tour por uma
fazenda marinha deve ser feito
pela manhã e leva uma hora. A
maioria delas localiza-se em Gancho do Meio. Em Gancho de Fora,
um dos pescadores que leva turistas é Ênio dos Santos (tel. 0/ xx/
48/262-0020), que faz o passeio
por R$ 30 por pessoa.
(MARGARETE MAGALHÃES)
Texto Anterior: Criveiras traduzem a arte açoriana Próximo Texto: Sementes são obtidas de forma irregular Índice
|