São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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Todo dia é de festa em Salvador

DA ENVIADA ESPECIAL

Todo dia é de festa nos terreiros de Salvador, já que cada dia da semana é dedicado a um orixá.
Segunda-feira é dia de Exu, que cuida das encruzilhadas e da comunicação entre humanos e orixás, e também de Omolu (são Lázaro, no sincretismo religioso). Omolu tem o rosto coberto por uma máscara de palha porque teve varíola. Orixá da saúde e da enfermidade e responsável por abrir os caminhos na vida das pessoas, ele recebe pipocas como oferenda, já que, na cultura do candomblé, esse alimento abre caminhos. Às segundas, na igreja de São Lázaro, as oferendas na missa também são feitas com pipoca.
Terça é dia de Ogum, o orixá da guerra e do ferro. As oferendas a ele são feitas em estradas, onde ele passou a viver em punição por ter cometido incesto com a mãe. As oferendas a Ogum têm, normalmente, axoxô, comida feita com milho amarelo cozido com coco.
Iansã e Xangô são festejados às quartas. Xangô é o orixá do trovão e Iansã, da tempestade, além de ser dona dos eguns, espíritos antepassados. Ambos foram casados. Quinta é dedicado a Oxóssi, que cuida da selva, das matas e das florestas. Nas oferendas a ele, encontram-se galinhas-d'angola e feijão-fradinho torrado.
Sexta os terreiros de Salvador ficam em silêncio, pois é dia de Oxalá (Senhor do Bomfim, no sincretismo religioso). Em respeito a ele, que é o maior dos orixás, não se bate em terreiro às sextas. As pessoas se vestem de branco, a cor de Oxalá, e, em algumas casas, comem-se só comidas brancas.
Oxum e Iemanjá são celebrados aos sábados. Mas o maior festejo a Iemanjá é mesmo em 2 de fevereiro, quando, na praia do Rio Vermelho, seus devotos se reúnem para saudá-la, oferecendo, em barquinhos deixados no mar, perfumes, flores e espelhos.
Domingo é dia de Orunmilá ou Ifá, orixá dos búzios.

Boa Morte em agosto
A cidade de Cachoeira, a 121 km de Salvador, é considerada o centro do candomblé no Brasil. No mês de agosto, fiéis se reúnem na cidade para a festa da Boa Morte, que acontece na primeira quinzena do mês, em homenagem a Nossa Senhora da Boa Morte.
A festa é uma boa oportunidade para conhecer melhor a cultura negra e presenciar os rituais do candomblé. (HHL)


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