São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

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No Brasil, 0,50% das pessoas têm raízes sírias

Visita de d. Pedro 2º impeliu a imigração

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Devem ser mais de 3 milhões os descendentes de sírios no país, a maioria de origem cristã maronita -mas também há judeus sefaraditas-, muitos vindos ao Brasil no início do século 20.
Humanista e homem adiante de seu tempo, d. Pedro 2º esteve na Europa, na América do Norte, no Norte da África e no Oriente Médio. Em 1876, visitando a Síria, o Líbano e a Palestina, abriu o caminho para a vinda desses povos ao Brasil.
Antes disso, já no final do século 19, alguns imigrantes sírios se instalaram pioneiramente na Amazônia trabalhando como mascates, vendendo tecidos e mercadorias à época do ciclo da Borracha.
Em números absolutos, ao longo de cem anos, de 1872 a 1972, 5,3 milhões de imigrantes de todo o mundo se estabeleceram no Brasil. Registros oficiais contabilizam 17.275 sírios-libaneses entre os que chegaram pelo porto de Santos de 1908 a 1936.
Um trabalho de 1998, publicado pelo IBGE, estimava que os brasileiros de origem sírio-libanesa correspondiam, naquele ano, a 0,50% da população total do país.

HISTÓRIA ATRIBULADA
Originalmente parte do Império Otomano, a atual República Árabe Síria tem uma área de 185.180 km2 e uma população de 22,5 milhões de habitantes.
Fazendo fronteira com o Líbano, o mar Mediterrâneo, a Turquia, o Iraque, a Jordânia e Israel, a Síria encerra cidades ancestrais -e até rivais-, Damasco e Aleppo.
As fronteiras sírias começaram a ser desenhadas após o fim do Império Otomano, que, liderado pelos turcos muçulmanos, se desagregou politicamente ao fim da Segunda Guerra (1914-1918).
Os turcos-otomanos eram aliados dos alemães, que levaram a pior no conflito mundial, e, então, os sírios de origem cristã maronita, que viviam tanto em Damasco como em Aleppo, passaram a ser perseguidos.
O mesmo aconteceu com os judeus que viviam em Aleppo há séculos.
Ambos tiveram que emigrar para países como a França, os EUA e o Brasil.
A Síria muçulmana tal como a conhecemos hoje foi criada em 1946, sob intervenção da França, para ser uma República parlamentar.
Depois de 1949, uma sucessão de golpes de Estado e ditaduras fizeram com que os cristãos maronitas encontrassem refúgio em Beirute, no Líbano, num movimento que começou após a criação do Estado de Israel.
O atual presidente Bahsar al Assad (filho do ditador anterior, Hafez al Assad, do partido Baath), foi reconduzido ao poder por um referendo, em 2007, onde obteve "esmagadores" 97,61% dos votos.

CONTRIBUIÇÃO NOTÁVEL
Sírios e libaneses que para cá vieram desde logo edificaram hospitais que são referência e formaram associações culturais e esportivas. Inúmeros dos seus descendentes se destacam como médicos, advogados, empresários, políticos, artistas, esportistas e intelectuais.
Se estabeleceram em São Paulo, Minas Gerais, Rio, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rio Grande do Sul, escrevendo, com seu trabalho, uma das mais belas páginas da história brasileira.


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