São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011 |
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Umayyad, principal mesquita de Damasco, abriga relíquia cristã No século 9º a.C., quando arameus habitavam Damasco, lugar era utilizado para sacrifícios Sítio pagão se tornou a catedral de São João Batista no fim do século 4º e virou mesquita importante no século 7º
DA ENVIADA A DAMASCO Símbolo onipresente no mundo árabe, as mesquitas são invariavelmente a principal atração em qualquer cidade islâmica. Não seria diferente em Damasco. Mas a principal mesquita da capital síria, Umayyad, também chamada de Grande Mesquita, tem alguns diferenciais que justificam uma atenta visita. O principal deles é que o viajante pisará num lugar que é sagrado há 30 séculos. Isso mesmo. São pelo menos 3.000 anos de ritos e rituais religiosos. No século 9º a.C., quando arameus habitavam a cidade, aquele ponto exato era utilizado para sacrifícios. Com a chegada dos romanos, o local foi transformado num templo dedicado a Júpiter e continuou com a sua orientação pagã. A vocação sagrada seguiu seu curso até a conversão dos romanos ao cristianismo, sacramentada no fim do século 4º d.C. Com isso, o então sítio pagão deu lugar a uma grande igreja católica, a catedral de São João Batista, destino dos restos mortais do homem que batizou Jesus Cristo. Supostamente, a cabeça de são João Batista está ali até hoje. A quarta mudança aconteceu com o nascimento do islamismo no século 7º d.C., que logo varreu o mundo árabe. Damasco se tornou a capital da dinastia omíada e o número de muçulmanos na população se multiplicou. Inicialmente, a convivência com os cristãos foi pacífica e a catedral permaneceu católica. No ano 708, no entanto, o califa Al Walid determinou que a igreja deveria dar lugar a uma mesquita. Em troca, os cristãos ganhariam o direito total sobre algumas igrejas localizadas nas proximidades, na Cidade Velha de Damasco, que até hoje formam o núcleo do Bairro Cristão da Old City. A mesquita tem três minaretes, um deles chamado Jesus. Ali, contam, Jesus irá aparecer para lutar contra o anticristo. Em sinal de respeito e gratidão, os cristãos receberam o direito a visitar o túmulo de são João Batista. Assim, no centro da mesquita Umayyad, existe uma tumba cristã. O mesmo lugar que, há de 3.000 anos, sacrificava crianças em rituais pagãos. (PRISCILA PASTRE-ROSSI) Texto Anterior: No Brasil, 0,50% das pessoas têm raízes sírias Próximo Texto: Melhoras: Mesquita passou três vezes por restaurações Índice | Comunicar Erros |
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