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MOSAICO MÍSTICO
Maior democracia do planeta, país vê credos distintos
Na fronteira com o Paquistão, rivalidade entre hindus e muçulmanos é aparente; cidade abriga templo sikh
NA ÍNDIA
Com mais de um bilhão de
habitantes, a Índia explora, sobretudo na fronteira com o Paquistão, o fato de ser "a maior
democracia do planeta".
Apesar da rivalidade entre
hindus e muçulmanos, do ponto de vista religioso, a faceta democrática é vista no norte do
país, onde há cidades em que
predominam outros credos.
Amritsar, a 30 km da fronteira com o Paquistão, na Caxemira, é o principal centro de peregrinação dos sikhs. Essa religião foi fundada no século 15, e
seus adeptos são facilmente
identificáveis pelas longas barbas e turbantes escondendo a
cabeleira -um dos preceitos é
não cortar os pêlos do corpo.
Famosos pela tradição guerreira (lutaram como parte do
exército britânico), os sikhs seguem um estrito código de conduta, que proíbe o consumo de
álcool e tabaco. A maioria deles
têm "Singh" -literalmente,
leão- no sobrenome, a exemplo do primeiro ministro do
país, Manmohan Singh.
O principal templo sikh é o
templo Dourado, em Amritsar.
Além de centro de peregrinação, ele já foi o epicentro de um
frustrado levante de extremistas nos anos 80. O intuito era a
independência de um país sikh,
e o templo foi usado como depósito de armas.
Em 1984, a então primeira
ministra, Indira Gandhi, determinou um bombardeio no local. Naquele mesmo ano, foi assassinada por dois de seus
guarda-costas em Delhi (ambos
sikhs). Hoje, com o templo restaurado pelo governo, o episódio é lembrado em um museu
num dos prédios que ele abriga.
Seu principal atrativo é uma
construção de dois andares de
mármore ilhada no centro do
complexo, com uma cúpula de
750 kg de ouro puro.
A visita é aberta a todos e,
além de não ser cobrada entrada, é oferecida, gratuitamente,
comida a quem vai lá.
Outro atrativo é a leitura dos
livros sagrados. Sacerdotes recitam preceitos religiosos, lidos
em volumes grandes e pesados.
Ao lado do templo, há uma
praça de importância histórica,
a Jallianwala Bagh. Em 1919, os
britânicos impuseram uma lei,
por meio da qual podiam deter
indianos sem acusação formal,
o Rowland Act.
Em protesto, 20 mil indianos
se reuniram na praça, cercada
por muros, pacificamente. O
general Dyer foi mandado pelos colonizadores para "restaurar a ordem" e ordenou que as
tropas disparassem por seis minutos em direção à multidão.
Saldo da operação: 337 homens, 41 meninos e um bebê
mortos, além de 1.500 feridos.
Algumas pessoas, tentando fugir, pularam dentro de um poço
e morreram com a queda. Como resposta ao massacre, Gandhi instigou a desobediência civil e a não-coperação com os
colonizadores.
(LUÍS FERRARI)
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