São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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MOSAICO MÍSTICO

Maior democracia do planeta, país vê credos distintos

Na fronteira com o Paquistão, rivalidade entre hindus e muçulmanos é aparente; cidade abriga templo sikh

NA ÍNDIA

Com mais de um bilhão de habitantes, a Índia explora, sobretudo na fronteira com o Paquistão, o fato de ser "a maior democracia do planeta".
Apesar da rivalidade entre hindus e muçulmanos, do ponto de vista religioso, a faceta democrática é vista no norte do país, onde há cidades em que predominam outros credos.
Amritsar, a 30 km da fronteira com o Paquistão, na Caxemira, é o principal centro de peregrinação dos sikhs. Essa religião foi fundada no século 15, e seus adeptos são facilmente identificáveis pelas longas barbas e turbantes escondendo a cabeleira -um dos preceitos é não cortar os pêlos do corpo.
Famosos pela tradição guerreira (lutaram como parte do exército britânico), os sikhs seguem um estrito código de conduta, que proíbe o consumo de álcool e tabaco. A maioria deles têm "Singh" -literalmente, leão- no sobrenome, a exemplo do primeiro ministro do país, Manmohan Singh.
O principal templo sikh é o templo Dourado, em Amritsar. Além de centro de peregrinação, ele já foi o epicentro de um frustrado levante de extremistas nos anos 80. O intuito era a independência de um país sikh, e o templo foi usado como depósito de armas.
Em 1984, a então primeira ministra, Indira Gandhi, determinou um bombardeio no local. Naquele mesmo ano, foi assassinada por dois de seus guarda-costas em Delhi (ambos sikhs). Hoje, com o templo restaurado pelo governo, o episódio é lembrado em um museu num dos prédios que ele abriga.
Seu principal atrativo é uma construção de dois andares de mármore ilhada no centro do complexo, com uma cúpula de 750 kg de ouro puro.
A visita é aberta a todos e, além de não ser cobrada entrada, é oferecida, gratuitamente, comida a quem vai lá.
Outro atrativo é a leitura dos livros sagrados. Sacerdotes recitam preceitos religiosos, lidos em volumes grandes e pesados.
Ao lado do templo, há uma praça de importância histórica, a Jallianwala Bagh. Em 1919, os britânicos impuseram uma lei, por meio da qual podiam deter indianos sem acusação formal, o Rowland Act.
Em protesto, 20 mil indianos se reuniram na praça, cercada por muros, pacificamente. O general Dyer foi mandado pelos colonizadores para "restaurar a ordem" e ordenou que as tropas disparassem por seis minutos em direção à multidão.
Saldo da operação: 337 homens, 41 meninos e um bebê mortos, além de 1.500 feridos. Algumas pessoas, tentando fugir, pularam dentro de um poço e morreram com a queda. Como resposta ao massacre, Gandhi instigou a desobediência civil e a não-coperação com os colonizadores.
(LUÍS FERRARI)


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