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RASTRO INCAICO
Mal-estar causado pela altitude é driblado com o hábito inca de mascar ou tomar chá feito com a erva
Folha de coca dá as boas-vindas em Cuzco
FABIO MARRA
ENVIADO ESPECIAL AO PERU
Um dos roteiros mais disputados pelos turistas que visitam o
Peru exige determinação: levantar
cedo, ficar sem comer e ainda ter
de tomar um chá amargo. A palavra-chave para quem vai a Cuzco
-um vale de clima seco e frio localizado no alto da cordilheira dos
Andes, a 3.360 metros do nível do
mar- é madrugar.
Cerca de 20 vôos diários partem
de Lima nas primeiras horas do
dia com destino à cidade por uma
questão de segurança. Quando a
tarde cai, a corrente de vento, canalizada entre a serra e as rochas,
torna-se muito forte, comprometendo as condições para pouso de
aeronaves em Cuzco.
A viagem é rodeada de expectativas."Atenção: nada de pressa em
Cuzco. Andem devagar, comam
pouco e nem pensar em exercícios físicos." Os guias alertam os
turistas ainda no aeroporto.
Em tom de brincadeira, o aviso
é feito com rima. Andar com
"despacito" (devagarinho), comer "poquito" (pouquinho) e
dormir "solito" (sozinho).
No avião, uma rotina necessária
pode afligir alguns turistas. O desjejum é acompanhado de chá de
coca, sugerido para amenizar os
efeitos da altitude da cordilheira.
"Chacchar" -termo quase onomatopéico, que no idioma local
significa mascar- é de grande
importância para os povos andinos, explica o guia.
O chá amargo também é oferecido na chegada aos hotéis e após
as refeições. As folhas para "chacchar" também são vendidas em
feiras de rua. "Devido à altitude, a
digestão demora mais, causando
sensação de desconforto ao turista desavisado. O chá ajuda", explica um guia local.
Mascar a folha da coca também
contribui para desfazer a sensação de desconforto causada pelo
excesso de altitude. Há um porém: o "chacchar" produz um sumo que deixa os dentes com a coloração esverdeada e a boca ligeiramente adormecida.
Na chegada, festa! Grupos tocam músicas típicas e de quebra
tentam vender seus CDs. Essa é
uma forma de dar boas-vindas
aos que entram na "casa e morada
dos deuses", como diziam os incas- povo que habitou a região
entre os séculos 8º e 15.
Ruínas
Cuzco é uma cidade aconchegante. No estilo colonial, ainda
preserva construções incaicas.
Templos e palácios construídos
em pedras milenares e fortalezas
históricas estão espalhadas pela
cidade, que foi a capital administrativa, militar e religiosa do império inca. No entorno, também existem ruínas de
grande valor histórico como as do
vale Sagrado e as do sítio arqueológico no vale do rio Urubamba.
Também Machu Picchu, a impressionante cidade
perdida dos incas, descoberta há
apenas 92 anos, fica perto: a 110
km de Cuzco.
Fabio Marra viajou a convite da Promperu e da companhia aérea Taca
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