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INCAICO
Cidade era umbigo do mundo para povo andino
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU
Muito antes dos incas, a região
de Cuzco era chamada de Qospo,
que significa umbigo do mundo.
Uma das lendas mais populares,
difundida a partir de crônicas de
Garcilaso de La Veja, conta a história do casal indígena Manco Cápac e Mama Oclloque. Os dois teriam emergido do lago Titicaca,
subido a cordilheira e fundado
Cuzco. O povoado teria aprendido a cultivar a terra com o casal.
Não se sabe ao certo quando os
incas se fixaram ali, mas as primeiras construções da civilização
surgiram a partir do século 8º. O
apogeu do império se deu entre
1438 e 1532, até a chegada dos espanhóis, que, em nome da conquista da região, destruíram parte
do que encontraram e, no vazio,
ergueram prédios nos estilos barroco e renascentista. Em 21 de
maio de 1950, um terremoto destruiu a maior parte da cidade, reconstruída mais tarde com as
mesmas características.
A praça central de Cuzco foi cenário de diversos acontecimentos-chave na história local. Todo
ano, é palco da Inti Raymi, cerimônia de adoração ao Sol, o astro
endeusado pelos incas.
A festa contrapõe um fato histórico perturbador. Foi ali que o espanhol Francisco Pizarro proclamou a conquista de Cuzco, após
vencer Túpac Amaro, último
ponto da resistência indígena.
No meio está a catedral, construída entre 1560 e 1664, com
grandes blocos de pedra avermelhadas, extraídos da fortaleza inca
de Sacsayhuamán.
Um dos lugares mais pitorescos
de Cuzco é o bairro de San Blas.
As ruas estreitas têm construções
incaicas e acolhem artesãos, que
elegeram a praça de uma das igrejas mais antigas de Cuzco, erguida
em 1563, como santuário para
mostrar a cultura local.
A perfeição do trabalho inca
tornou a rua Hatun Rumiyoc a
mais procurada e conhecida em
Cuzco. O motivo é um muro. Claro que não um muro qualquer,
mas uma obra-prima de pedras
gigantescas, milimetricamente recortadas. O encaixe é perfeito.
Um desafio à imaginação do leigo
e ao conhecimento do mais ousado engenheiro ou arquiteto.
O convento de Santo Domingo
transpira a tradição incaica de
adoração ao Sol. Ele é ladeado por
muros que, na época, eram cobertos por lâminas de ouro e polidos
diariamente. Pinturas da escola
cuzquenha ficam em exposição
permanente no local.
Fora da cidade
As estradas são boas, e qualquer
passeio vale pelo visual do alto
dos Andes. Em Pisac, a 33 km de
Cuzco, os moradores usam as
vestes coloridas como forma de
perpetuar a tradição dos antepassados. O mercado dominical atrai
milhares de visitantes que, entre a
compra de um artesanato e outro,
são convidados a conhecer as ervas usadas para chás e temperos.
Na igreja pode-se ver uma missa
em quéchua, o idioma local.
A 20 minutos de Pisac fica a fortaleza de Sacsayhuamán, um
exemplar da arquitetura inca militar. Construída para resguardar
a cidade de invasores, ela chama a
atenção pela sobreposição de pedras de até cinco metros de altura
e 350 toneladas, que formam as
muralhas. A 5 km de Cuzco fica a
cidade de Tumpumachay, usada
pelos incas para a realização de
cultos às águas. A canalização,
preservada, foi feita em pedras
pelos incas. A água na região é pura e ao prová-la deve-se fazer um
pedido aos deuses.
O vale Sagrado do incas, assim
considerado devido à fertilidade
da terra, foi transformado no centro agrícola dessa civilização. O
local fica no vale do rio Urubamba, a uma hora de Cuzco. O rio
corta toda a região. Ainda há
plantações de milho nessa área.
Deixando um pouco a altitude,
a 2.800 metros do nível do mar,
está o sítio arqueológico de Ollantaytambo, um dos complexos
mais bem conservados da região.
São 15 mansões levantadas sobre
muros de pedras que rodeiam o
templo do Sol e o palácio Real.
(FABIO MARRA)
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