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Brinde peruano é feito com o pisco
Rato sai do mato e vai para a mesa de restaurante fino
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU
Quer provar um rato? Como assim? Simples. Ele é um dos pratos
mais tradicionais no cardápio peruano. É uma espécie de rato da
Índia. Enfeitado com rodelas de
batatas e temperado com ervas, é
servido nos restaurantes mais finos. Conhecido como cuy, é encontrado na mata. Depois de assado, chega ao prato recheado. Os
chefs fazem questão de manter a
forma do bicho, deixando à mostra cabeça, corpo e patas.
Se o rato não apetecer, mas a intenção for seguir a tradição, o turista tem a opção da alpaca, animal parecido com a lhama. Não
fosse pela gordura abundante, a
carne de alpaca poderia ser comparada à de vaca. O gosto é parecido. Mas nem só o rato e a alpaca
constam nos cardápios. A típica
comida peruana inclui uma enorme variedade de carnes. O tempero compreende várias ervas, que
proporcionam um paladar excepcional. Os pratos, na maioria, vêm
com milho e batata.
Batatas
Muita gente desconfia que a expressão "vá plantar batatas" tenha
surgido no Peru. No país existem
cerca de 3.000 tipos do tubérculo.
Antes dos espanhóis chegarem,
em 1532, antigos agricultores andinos já desafiavam as alturas da
cordilheira dos Andes e a aridez
para plantar batatas. Registros
documentam que os peruanos
eram especialistas no plantio do
tubérculo há 5.000 anos. A confirmação da tese está nos terraços,
que formam impressionantes degraus na cordilheira dos Andes.
Com o intenso culto à religião e
a relação entre o poder divino, o
alimento e a fertilidade da terra,
os peruanos desvendaram o aroma de várias ervas, usadas em rituais sagrados e adotadas na culinária. Mais tarde, os hispânicos
acrescentaram alho, cebola e limão. Absorveram também as influências árabe e africana, resultando na cozinha crioula.
Banhado pelo oceano Pacífico,
o Peru não ignora os prazeres que
são retirados do mar. Em toda a
costa, centenas de variedades de
peixes e de mariscos compõem os
cardápios. Corvina, linguado, lagosta e camarão são oferecidos
nos restaurantes. O prato mais
emblemático é o seviche, pedaços
de peixes frescos cozidos no limão
e fortemente temperados com várias ervas, sal, cebola e alho,
acompanhados de milho.
Peixes de rio são servidos no
norte, onde nasce o Amazonas. O
dourado é o mais procurado.
Cozinha chinesa
Chifas em chinês quer dizer comer arroz, e esse foi o nome dado
aos restaurantes chineses que se
espalham pelo país. O Peru é um
dos poucos países do mundo que
misturaram temperos locais com
a culinária chinesa. Ervas variadas
e adaptações no preparo do arroz
surpreendem até mesmo aos chineses que visitam o país.
"Un pisco! A nuestra salud!"
Em diversos lugares do mundo,
fazer um brinde é a melhor maneira de desejar boas-vindas. No
Peru, o pisco, aguardente de uva,
mima o turista. A bebida traz à
memória a pequena cidade de
Pisco, na costa sul do país.
Em quéchua, dialeto local, pisco
significa aves. A cidade é o porto
de chegada de espécies que vêm
do Pacífico em busca de comida.
A aguardente surgiu no século
16, quando foram plantadas uvas
importadas das ilhas Canárias
(Espanha). Com o êxito no cultivo, não tardou para a cidade produzir bons vinhos e o original pisco, exportados para a Espanha.
O solo pedregoso de Pisco e o
clima desértico do sul do Peru
causaram alterações genéticas na
uva negra, trazida da Espanha.
Inicialmente, a produção se deu
com a uva Quebranta. Posteriormente, outras, como Itália, Moscatel, Torontel e Albilia, foram incluídas no feitio do pisco.
Ainda hoje, apesar da produção
em larga escala, os fabricantes garantem o intervalo de 14 dias para
que o pisco fermente em tonéis de
barro. Com 42 de teor alcoólico,
transparente e levemente perfumada, a bebida preserva uma tradição de séculos, oriunda dos índios peruanos e dos colonizadores espanhóis.
(FABIO MARRA)
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