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Cidade imortalizou-se na tela com filme "Fitzcarraldo'; hoje, nau às margens do Amazonas requer reparos
Iquitos introduz aventura na selva peruana
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU
Um elegante navio a vapor de
dois andares que imortalizou
Iquitos, no norte do Peru, e a selva
amazônica nas telas de cinema está enferrujando. A nau que transportou o capitão Brian Sweeney
Fitzgeraldo, o Fitzcarraldo (como
pronunciavam os nativos), personagem interpretado pelo alemão
Klaus Kinski, está praticamente à
deriva, à espera de patrocinadores
que possam transformá-lo em
um museu, antes que vá a pique.
Essa seria uma saída para manter vivo o glamour de "Fitzcarraldo", filme dirigido, em 1982, pelo
alemão Werner Herzog. Hoje, o
navio está ancorado na margem
do rio Amazonas e encurralado
por dezenas de barcos mais novos. Na história, um aventureiro
irlandês sonha com a apresentação de Enrico Caruso e Sarah Bernhardt em um teatro construído
no meio da selva amazônica.
Numa região minada pelos senhores da borracha, que ditavam
as regras na região na virada do
século 19, a expedição enfrentou
obstáculos desastrosos.
A Casa Fitzcarraldo, no centro
de Iquitos, expõe documentos e
fotos que registram a saga do diretor e dos atores e os contratempos
que a produção enfrentou para
viabilizar a filmagem na selva.
Meio da selva
Para chegar a Iquitos, só mesmo
de avião. A região fica no meio da
selva amazônica peruana, distante 1.859 km de Lima. Com mais de
650 mil habitantes, Iquitos é ponto de partida para inúmeras aventuras na selva amazônica.
No centro da cidade há uma casa construída totalmente em ferro. Surpreendentemente, a "estranha no ninho" é o resultado de
um projeto de Gustave Eiffel, vendido a um milionário na Exposição Internacional de Paris, em
1889. Perto da casa, uma estatal se
apresenta em estilo art noveau.
A construção, de 1908, mantém
os terraços trabalhados em ferro.
Com mármore de Carrara e mosaicos de Sevilha, o prédio, hoje
administrado pelo governo, foi
durante muitos anos o hotel mais
luxuoso da região.
Na praça das Armas, a principal
da cidade, os heróis peruanos que
lutaram na guerra contra o Chile,
em 1879, são lembrados num monumento. Nos finais de tarde, locais e turistas se aproximam do
Malecon Tarapacá para admirar a
bela paisagem do pôr-do-sol refletido sobre o rio Amazonas.
Para conhecer um pouco mais
da história e das tradições da floresta amazônica peruana, a cidade dispõe de uma biblioteca especializada em temas regionais.
Estima-se que, antes da chegada
dos espanhóis, em 1542, 300 mil
índios habitavam a selva peruana.
A população foi quase toda dizimada por doenças como varíola,
difteria, malária e febre amarela,
adquiridas após o contato com o
homem branco. Por muitos anos,
jesuítas e franciscanos trabalharam na evangelização dos índios
peruanos de várias aldeias.
Em 1757, Iquitos foi escolhida
como local estratégico para a unificação e a formação de um só
grande povoado. Às margens do
Amazonas, Iquitos hoje sobrevive
da exploração de petróleo e de diversos projetos de utilização de
recursos florestais.
(FABIO MARRA)
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