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OCULTA
Rias caracterizam paisagem que muda com a maré
Região batiza formação criada pelo avanço do mar rio adentro
Oscar Pilagallo/Folha Imagem
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Arcos esculpidos pelo mar na praia das Catedrais, visitada mais pela topografia do que pelo banho |
DO ENVIADO ESPECIAL À ESPANHA
Quem se dirigir ao mar Cantábrico com a expectativa de encontrar apenas uma versão menos
ensolarada do Mediterrâneo irá se
surpreender. Os mares que banham as duas costas da Espanha
devem ser desfrutados por suas
características intrínsecas. Se o
calor no verão é menos intenso no
norte, nem por isso a costa cantábrica faz feio na comparação com
o lado espanhol mais conhecido.
O litoral da Galícia e de Astúrias
é tão singular que vem do espanhol a denominação, em várias
línguas, do profundo recorte geológico que leva o mar a entrar pelos rios da região. Dá-se o nome
de rias a qualquer vale fluvial invadido pelo mar.
A Galícia tem dois tipos de rias.
As rias baixas, na costa atlântica,
são mais largas (chegam a ter 30
quilômetros), profundas (até 70
metros) e longas (mais de 40 quilômetros rio adentro). As rias altas, predominantes na costa cantábrica, são menores e ladeadas
por falésias mais altas.
Paisagem mutante
Altas ou baixas, as rias dão a fisionomia da região. É lá que estão
os portos e se praticam esportes
náuticos. Trata-se também de
uma paisagem que muda de acordo com a maré. Leitos secos se
transformam em correntes caudalosas em questão de horas.
As rias também são fonte de alimentos típicos da região. Algumas variedades de peixes e crustáceos só são encontradas nos trechos em que se misturam as águas
doce e salgada.
Apesar do vazamento de petróleo, muitas praias do mar Cantábrico têm a bandeira azul, uma
garantia de limpeza e de infra-estrutura. Uma parada obrigatória é
a praia das Catedrais, já próxima
da fronteira com o Principado de
Astúrias. O nome vem das falésias. Esculpidas pelo mar e pelo
tempo, elas formaram arcos, cúpulas e reentrâncias que lembram
a arquitetura de certos templos
religiosos. É uma praia mais para
ser visitada do que para nadar ou
tomar sol.
Anfiteatro
Seguindo-se pela costa, um
pouco mais adiante, já em Astúrias, chega-se a uma cidade que, à
primeira vista, é improvável: Cudillero. Trata-se de um pequeno
povoado que abriga um porto.
Quando a aproximação é feita pelo plano mais alto, vê-se apenas o
mar no horizonte. Nada indica
que, alguns passos adiante, o visitante estará diante de Cudillero,
que surge como do nada. Rampas
e escadarias levam à cidade, cem
metros abaixo. A vila se concentra
no nível do mar e, em formato de
um anfiteatro, sobe pelas encostas
das montanhas em construções
baixas, em que predomina a cor
branca.
Se o visitante tiver a sorte de
chegar num pôr-do-sol, estará
diante de um cartão postal, com
uma trilha sonora de gritos de gaivotas atraídas pelos pescadores
que retornam ao cais.
(OSCAR PILAGALLO)
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