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CULTA
Relevância do farol foi comparada à do de Alexandria
Em La Coruña, torre avaliza época em que os romanos mandavam
Oscar Pilagallo/Folha Imagem
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No farol de La Coruña, no noroeste da Espanha, rosa-dos-ventos, que orientava embarcações |
DO ENVIADO ESPECIAL
Por onde passaram, os romanos deixaram sinais de sua civilização e de sua arquitetura, e o
norte da Espanha não é exceção.
O farol de La Coruña, as muralhas
de Lugo e as termas de Gijón são
resquícios de uma cultura que
marcaria para sempre a península
Ibérica. Em La Coruña, um dos
principais portos do noroeste da
Espanha, localizado na ponta entre o Atlântico e o mar Cantábrico, os romanos construíram, no
século 2º, na época do imperador
Trajano, o farol de Hércules, o
único daquele tempo até hoje em
operação. Segundo a lenda, é uma
homenagem a Hércules, que teria
enfrentado e matado o gigante
Gerión. Dessa tradição vem a figura da caveira, um dos símbolos
dessa cidade galega. A caveira,
claro, é a do gigante, enterrado
sob o farol, para impedir que se levantasse de novo.
A aparência atual do farol que
orienta embarcações numa das
costas mais perigosas do mundo,
a costa da Morte, data do século
17, quando a torre foi restaurada
pelo rei Carlos 3º, depois de passar séculos desativada. Antes de
ser abandonado, durante a Idade
Média, o farol era considerado
um dos mais importantes do
mundo. No mapa-múndi do beato de Burgo de Osma, de 1086, o
farol de Hércules tem o mesmo
destaque que o reservado ao farol
de Alexandria, já desaparecido.
Embora o farol tenha sido restaurado, sua concepção continua
sendo totalmente romana. A diferença é que não existe mais a rampa exterior, usada para levar ao
topo o combustível que fornecia
luz (restou apenas um relevo indicador da posição da rampa, que
descrevia uma suave inclinação
para permitir a subida dos burros
carregados). As obras do século 17
dotaram o farol de escadarias internas, pelas quais se chega ao mirante: uma vista para o mar aberto que vale cada um dos degraus
da subida de quase 60 metros.
Em Lugo, capital da maior Província da Galícia, encontra-se a
mais bem preservada muralha romana da Espanha. Com um perímetro de mais de dois quilômetros, a muralha tem seis metros de
largura, dez metros de altura e é
reforçada por semicírculos de pedra, a maioria intacta. No verão, é
um local que atrai, além de turistas que passeiam sobre a construção, praticantes de jogging. A muralha cerca a parte mais antiga da
cidade e, em alguns pontos, oferece uma vista privilegiada do centro histórico.
Lugo também preserva termas
romanas, um tipo de ruína encontrada em vários locais do norte da Espanha. Uma terma que
deve ser visitada é a de Gijón (pronuncia-se "rirrón"), no Principado de Astúrias. Descobertas no
início do século passado, elas se
localizavam fora das muralhas da
antiga cidade, o que era raro. Estudiosos atribuem o fato à intenção dos romanos de aproveitar a
água do mar, que chegava até perto das termas. Aquecida com a
queima de madeiras, a água do
mar virava o vapor que alimentava a sauna. No interior da construção, ainda é possível distinguir
fragmentos de murais pintados
no século 2º a.C.
(OP)
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