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São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2003

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CULTA

Relevância do farol foi comparada à do de Alexandria

Em La Coruña, torre avaliza época em que os romanos mandavam

Oscar Pilagallo/Folha Imagem
No farol de La Coruña, no noroeste da Espanha, rosa-dos-ventos, que orientava embarcações


DO ENVIADO ESPECIAL

Por onde passaram, os romanos deixaram sinais de sua civilização e de sua arquitetura, e o norte da Espanha não é exceção. O farol de La Coruña, as muralhas de Lugo e as termas de Gijón são resquícios de uma cultura que marcaria para sempre a península Ibérica. Em La Coruña, um dos principais portos do noroeste da Espanha, localizado na ponta entre o Atlântico e o mar Cantábrico, os romanos construíram, no século 2º, na época do imperador Trajano, o farol de Hércules, o único daquele tempo até hoje em operação. Segundo a lenda, é uma homenagem a Hércules, que teria enfrentado e matado o gigante Gerión. Dessa tradição vem a figura da caveira, um dos símbolos dessa cidade galega. A caveira, claro, é a do gigante, enterrado sob o farol, para impedir que se levantasse de novo.
A aparência atual do farol que orienta embarcações numa das costas mais perigosas do mundo, a costa da Morte, data do século 17, quando a torre foi restaurada pelo rei Carlos 3º, depois de passar séculos desativada. Antes de ser abandonado, durante a Idade Média, o farol era considerado um dos mais importantes do mundo. No mapa-múndi do beato de Burgo de Osma, de 1086, o farol de Hércules tem o mesmo destaque que o reservado ao farol de Alexandria, já desaparecido.
Embora o farol tenha sido restaurado, sua concepção continua sendo totalmente romana. A diferença é que não existe mais a rampa exterior, usada para levar ao topo o combustível que fornecia luz (restou apenas um relevo indicador da posição da rampa, que descrevia uma suave inclinação para permitir a subida dos burros carregados). As obras do século 17 dotaram o farol de escadarias internas, pelas quais se chega ao mirante: uma vista para o mar aberto que vale cada um dos degraus da subida de quase 60 metros.
Em Lugo, capital da maior Província da Galícia, encontra-se a mais bem preservada muralha romana da Espanha. Com um perímetro de mais de dois quilômetros, a muralha tem seis metros de largura, dez metros de altura e é reforçada por semicírculos de pedra, a maioria intacta. No verão, é um local que atrai, além de turistas que passeiam sobre a construção, praticantes de jogging. A muralha cerca a parte mais antiga da cidade e, em alguns pontos, oferece uma vista privilegiada do centro histórico.
Lugo também preserva termas romanas, um tipo de ruína encontrada em vários locais do norte da Espanha. Uma terma que deve ser visitada é a de Gijón (pronuncia-se "rirrón"), no Principado de Astúrias. Descobertas no início do século passado, elas se localizavam fora das muralhas da antiga cidade, o que era raro. Estudiosos atribuem o fato à intenção dos romanos de aproveitar a água do mar, que chegava até perto das termas. Aquecida com a queima de madeiras, a água do mar virava o vapor que alimentava a sauna. No interior da construção, ainda é possível distinguir fragmentos de murais pintados no século 2º a.C. (OP)


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